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Brinquedos tradicionais faturam mais que os eletrônicos

Neusa Soliz1 de fevereiro de 2002

A 53ª Feira Internacional de Brinquedos, em Nurembergue, apresenta 60 mil novidades. A China lidera o mercado e os fabricantes alemães defendem sua parcela graças à alta qualidade de seus produtos.

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"Pipos": as novas bonecas na Feira do Brinquedo em NurembergueFoto: AP

Embora a Feira Internacional de Brinquedos, inaugurada na quinta-feira (31) em Nurembergue, tenha como público alvo as crianças, não são elas e sim adultos e comerciantes que avaliam os trenzinhos, bonecas e jogos eletrônicos, as novidades trazidas por 2800 expositores de 54 países. São esses 55 mil visitantes esperados até o dia 5 de fevereiro que definem o que estará nas prateleiras das lojas e dos quartos das crianças.

Em 2001, o faturamento do setor de brinquedos praticamente estagnou em relação ao ano anterior, totalizando 3,19 bilhões de euros. As vendas não foram boas durante o ano, embora o Natal demonstrasse que, mesmo em tempos de conjuntura fraca, os alemães não economizam com os presentes de fim de ano.

Eletrônica perdeu para a tradição

- Enquanto o setor de videogames diminuiu seu faturamento em 5% para 705 milhões de euros no ano passado, os brinquedos tradicionais aumentaram em 1%, atingindo um faturamento de 2,48 milhões de euros. Trenzinhos, muitos deles para colecionadores, e jogos de tabuleiro foram os itens de maior sucesso. Isso demonstra um dos lados do mercado: certos brinquedos permanecem, por mais que os tempos mudem.

Harry Potter não vendeu

- O outro aspecto é o rápido desgaste das modas. Se no mundo dos brinquedos a garotada adora novidades e hoje ninguém mais quer saber do que ontem era o "máximo", nada mais difícil para as firmas do que prever o que vai "pegar" e o que vai sobrar nas prateleiras. Harry Potter é um bom exemplo disso. Certas do sucesso, todas as firmas incluíram em seus sortimentos do ano passado artigos relacionados com o aprendiz de feiticeiro que conquistou o mundo. A magia, porém, deu errado e as vendas foram fracas. Este ano, há 60 mil novidades completas ou variações e versões modernas de brinquedos já lançados em anos anteriores.

A concorrência asiática

- Mundialmente, cerca de 50% dos brinquedos são fabricados na China e em Hong Kong, tanto para firmas locais como sob encomenda para empresas do ocidente. Após altas taxas de crescimento durante anos, Hong Kong sofreu um revés: suas exportações para a Europa diminuíram 16% em 2001. No caso dos EUA, o prejuízo foi maior ainda: 20%. Nesse meio tempo, as firmas chinesas assumiram a liderança e esperam maiores facilidades no comércio exterior com a entrada da China para a Organização Mundial do Comércio.

Brinquedos para adultos: a solução

- O que também preocupa as indústrias de brinquedos na Europa é a queda da natalidade e o envelhecimento da população. As fábricas alemãs, nesse aspecto, já demonstraram sua fantasia, descobrindo outras camadas de consumidores, inclusive com mais dinheiro para gastar. Assim, fabricam belas miniaturas de automóveis e trens com inúmeros equipamentos – locomotivas, trilhos de vários tipos, cenários completos de estações, pontes, viadutos – produtos destinados aos pais e avós que, apesar da idade, não perderam os sonhos de criança. Cada vez mais as indústrias alemãs de brinquedos apostam nesse segmento, responsável por 7% do faturamento no ano passado.

O mercado alemão de brinquedos é muito diferenciado, pois inclui empresas pequenas, que lutam pela sobrevivência frente à concorrência asiática. Com o alto nível de salários na Alemanha, muitas optaram por transferir sua produção para países como a Polônia, República Tcheca e Hungria. Os grandes fabricantes são as marcas tradicionais, que continuam crescendo com seus produtos de alta qualidade, como a fábrica de bonecas Zapf e os fabricantes de trens e brinquedos para montar Märklin e Fleischmann. Mesmo estes transferiram parte de sua produção aos países vizinhos de mão-de-obra barata.

O 11 de setembro e os brinquedos

- Pequenos e grandes saíram lucrando com uma nova tendência do life style, a que os americanos deram o nome de cocooning, o que significa, simplesmente, o retorno às quatro paredes. As famílias passam mais tempo em casa, os pais brincam com os filhos, comportamento mais freqüente a partir dos trágicos acontecimentos de 11 de setembro em Nova York.