Posição conjunta
14 de abril de 2011O terceiro encontro de cúpula dos Brics, realizado na cidade chinesa de Sanya, foi uma reunião de concordâncias. Os líderes das principais nações emergentes do mundo – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, esta recém-chegada ao grupo – querem continuar promovendo "um crescimento robusto, sustentável e equilibrado" da economia mundial, declarou o presidente chinês, Hu Jintao, nesta quinta-feira (14/04).
Os Brics querem tambérm fortalecer as trocas comerciais entre os países do bloco. Depois de destacar a importância do bloco na recuperação global da economia – no cenário pós-crise de 2008 –, os líderes se manifestaram a favor de uma reforma do sistema monetário internacional, elevando a representação e influência das nações emergentes e em desenvolvimento nas instituições do sistema financeiro internacional.
Hu Jintao, anfitrião do encontro, afirmou que o desenvolvimento desigual é um dos problemas mais graves da economia mundial. Ele se manifestou a favor de um sistema de livre comércio internacional justo e contra todas as formas de protecionismo.
Na mesma moeda
A questão da moeda usada no comércio entre os cinco países avançou desde o encontro anterior, em Brasília. A presidente Dilma Rousseff, o presidente russo, Dimitri Medvedev, o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, e o presidente sul-africano, Jacob Zuma, devem aprovar um acordo entre bancos que permitirá aos cinco países oferecer créditos ou ajuda financeira em suas próprias moedas – e não mais em dólar.
O Banco de Desenvolvimento da China declarou-se pronto para injetar 10 bilhões de yuans em empréstimos no Brasil, na Rússia, na Índia e na África do Sul. Segundo o presidente do banco, Chen Yuan, a decisão faz parte dos esforços do grupo em diminuir o uso do dólar no comércio e nos investimentos bilaterais e tem como foco grandes projetos nas áreas petrolífera, de gás natural e de infraestrutura.
Problemas no mundo árabe
Além das discussões econômicas, os Brics também pediram o fim dos conflitos na Líbia. "Nós partilhamos o princípio de que o uso da força deveria ser evitado. Temos a visão de que as partes deveriam resolver suas diferenças por meios pacíficos e pelo diálogo", diz o comunicado conjunto.
China, Rússia, Brasil e Índia se abstiveram na votação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 17 de março, na qual foram autorizados os ataques aéreos no país governado pelo ditador Muammar Kadafi. A África do Sul, no entanto, votou a favor da intervenção militar, mas o presidente Zuma, durante visita a Trípoli no último domingo, pediu à Otan que interrompa a ofensiva militar.
Conselho de Segurança
Um assunto já há muito debatido voltou a ser tema no encontro dos Brics. Brasil, Índia e África do Sul querem uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e pleiteiam mais espaço para influenciar a tomada de decisões. "A reforma do Conselho de Segurança da ONU é essencial. Não é possível que nós nos atenhamos a acordos institucionais que foram constituídos no período pós-Guerra", afirmou Dilma.
China e Rússia, que são membros permanentes do Conselho, deram apoio às aspirações dos outros Brics. "China e Rússia reiteram a importância que dão ao status de Índia, Brasil e África do Sul nos assuntos internacionais e entendem e apoiam sua aspiração de desempenhar um papel maior na ONU", diz a declaração final.
NP/afp/dpa/rtr
Revisão: Alexandre Schossler