Brasil tem atos pró-Bolsonaro em várias cidades
26 de maio de 2019Grupos a favor do presidente Jair Bolsonaro realizam manifestações em apoio ao governo em várias cidades do país neste domingo (26/05). Após cinco meses de Presidência, Bolsonaro enfrenta resistência no Congresso, protestos estudantis, a sombra do caso Queiroz e a pior avaliação de um presidente eleito em início de primeiro mandato.
Segundo o portal G1, mais de 150 cidades em todos os 26 estados e no Distrito Federal registraram manifestações, com participantes levando bandeiras do Brasil e frases de apoio ao governo Bolsonaro e suas propostas.
De acordo com o Fantástico, da Rede Globo, no Rio de Janeiro a manifestação ocorreu em Copacabana, se estendendo por sete quarteirões, com pessoas concentradas em quatro deles. A Polícia Militar (PM) e organizadores não divulgaram estimativa de público.
Em Brasília, a concentração começou em frente à Biblioteca Nacional. Depois, os participantes seguiram pela Esplanada dos Ministérios até o Congresso. O ato também teve um boneco inflável gigante de Sergio Moro como Super-Homem. Os organizadores não divulgaram estimativa de público. A PM calcula que havia 20 mil pessoas no auge do evento.
No Espírito Santo, uma manifestação cruzou a ponte que liga Vila Velha a Vitória, noticiou o Fantástico. A organização informou que 50 mil pessoas estiveram presentes no ato, e a PM calcula que foram 35 mil.
O ato em São Paulo contou com um boneco inflável de Bolsonaro e ocorreu na Avenida Paulista, ao longo de sete quarteirões, dos quais três estavam com maior concentração de pessoas.
Em Belém, a PM estimou que entre 10 mil e 15 mil manifestantes tenham saído às ruas. Também foram registados atos em cidades como Salvador, Porto Alegre, São Luís, Maceió, Campinas e Sorocaba.
De acordo com o jornal Estado de Minas, em Belo Horizonte, organizadores estimam que 30 mil pessoas tenham participado do ato, e não há cálculo da PM.
Em Santa Catarina, estado em que mais de 75% dos eleitores votaram em Bolsonaro, manifestantes se reuniram em pelo menos 39 cidades, de acordo com o Diário Catarinense. Segundo o jornal, os organizadores não confirmaram oficialmente o público, mas anunciaram no sistema de som 30 mil participantes.
Inicialmente convocados contra o Supremo Tribunal federal (STF), os atos deste domingo ganharam força após os protestos contra o corte de recursos da educação, no último dia 15 de maio, que reuniram milhares de pessoas em dezenas de cidades pelo país na primeira grande manifestação contra o governo Bolsonaro.
Além de pautas radicais, como o fechamento do STF e do Congresso, grupos pró-Bolsonaro também convocaram os atos como manifestações de apoio ao combate à corrupção e à Lava Jato; ao pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro; e à reforma da Previdência.
Também ganhou força o repúdio ao chamado centrão (formador por deputados de partidos como MDB, PP, DEM e PRB), visto como obstáculo à aprovação de propostas de Bolsonaro no Congresso.
Entre os grupos por trás dos atos estão Ativistas Independentes, Movimento Avança Brasil, Direita São Paulo e Brasil Conservador. As convocações foram questionadas por alguns membros do próprio PSL e de movimentos de direita.
A deputada federal Janaina Paschoal, do PSL, afirmou que "não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações". "Essas manifestações não têm racionalidade", escreveu no Twitter.
"Isso [fechamento do Congresso e do STF] é coisa de revolucionário. Quem é liberal e conservador defende a separação dos Poderes, e não o fechamento dos Poderes", disse Kim Kataguiri, deputado federal pelo DEM e um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL).
O MBL e outros movimentos de direita, como o Vem pra Rua, não aderiram às convocações, e o PSL também não declarou apoio formal.
O próprio Bolsonaro se distanciou dos atos e desistiu de participar, afirmando se tratar de uma manifestação espontânea. Neste domingo, no entanto, o presidente compartilhou no Twitter vídeos de manifestações a seu favor, um deles no metrô de Copacabana, em que pessoas vestidas de verde e amarelo gritam: "A nossa bandeira jamais será vermelha."
Ao participar de um culto na Igreja Batista Atitude, no Rio de Janeiro, neste domingo, Bolsonaro afirmou que a "manifestação é recado aos que tentam com velhas práticas não deixar que o povo se liberte". Ele reforçou que a convocação dos atos foi espontânea e disse ser o único eleito na história do país que cumpre o que prometeu durante a campanha.
Mais tarde, no Twitter, o presidente se mostrou contrário a pautas como o fechamento do Congresso e do STF e disse que a "grande maioria foi às ruas com pautas legítimas e democráticas".
"Acredito que o Brasil caminha cada vez mais para o amadurecimento de sua democracia, com representantes sensíveis aos anseios da sociedade. O caráter pacífico dos atos de hoje traduz a esperança e a confiança do povo no compromisso que nós políticos temos com o futuro do país", escreveu.
Analistas afirmam que as manifestações serviriam de termômetro para medir o apoio a Bolsonaro. Para Sérgio Praça, professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os atos são uma estratégia arriscada dos apoiadores do presidente.
"Ele não tem muito a ganhar, e se [a manifestação] for pequena, ela mostraria a fraqueza do governo", disse à agência de notícias AP.
LPF/ap/ots
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