Brasil está de luto pela tragédia de Santa Maria
28 de janeiro de 2013O Brasil acordou de luto nesta segunda-feira (28/01) por causa das 231 vítimas fatais do incêndio ocorrido na madrugada de domingo numa boate na cidade de Santa Maria, localizada a 290 quilômetros de Porto Alegre. O número foi corrigido pelas autoridades, que antes haviam falado em 233 mortos.
Trata-se, segundo a imprensa brasileira, do segundo incêndio mais fatal da história do país, atrás apenas do ocorrido em 1961 em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, quando 503 pessoas morreram num circo. É a maior tragédia deste tipo da história do Rio Grande do Sul.
O luto oficial de três dias foi decretado ainda no domingo pela presidente Dilma Rousseff em Brasília, logo após o retorno dela de Santa Maria, onde havia ido prestar conforto às famílias das vítimas. Dilma cancelara sua participação em três reuniões da cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e União Europeia (UE), que ocorria em Santiago, no Chile, e viajara para a cidade gaúcha.
Neste domingo, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) divulgou os nomes das 231 vítimas fatais do incêndio. Com base em lista anterior divulgada pelo governo do Rio Grande do Sul, ao menos 101 dos mortos eram alunos da Universidade Federal de Santa Maria.
"Em virtude da possibilidade de alguns nomes terem sido escritos na lista com grafia incorreta ou imprecisa, mais alunos da universidade podem estar entre as vítimas fatais", afirma nota publicada no site da universidade. A média de idade das vítimas é de 18 a 23 anos, sendo muitas menores de idade.
Segundo testemunhas, o incêndio foi provocado por faíscas provenientes de um sinalizador usado pelos músicos da banda que animava a festa na boate Kiss, no centro da cidade. As faíscas alcançaram a cobertura do teto, feita de material inflamável, o que fez com que as chamas se espalhassem rapidamente.
O não funcionamento do único extintor de incêndio, a existência de uma única porta de entrada e saída, a ausência de uma saída de emergência num lugar com capacidade para duas mil pessoas, o bloqueio temporário da saída por parte de funcionários da segurança e o fato de que o alvará da casa noturna estava vencido desde agosto passado foram os fatores que conspiraram para que o pior incêndio da história do Rio Grande do Sul se tornasse realidade.
Segundo os bombeiros, 90% das vítimas fatais morreram por asfixia causada pela intensa fumaça que tomou conta do local. Os músicos tentaram inicialmente combater as chamas com água, depois com um extintor que não funcionou.
Jovens que estavam no local, mas conseguiram sair ilesos, relataram que, ao ver o teto "derreter-se" sobre suas cabeças, foram impedidos de sair por seguranças que ainda não haviam visto as chamas. Eles bloquearam a única saída do local durante alguns minutos, pensando que se tratava de uma briga e que as pessoas queriam sair sem pagar.
AS/dpa/abr/afp
Revisão: Luisa Frey