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Boris Becker em nova missão

Roselaine Wandscheer18 de novembro de 2002

Ex-herói do tênis alemão quer salvar o German Open e popularizar o tênis no país. Uma grave crise, não só financeira, marca os 100 anos da federação alemã.

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De tenista a empresárioFoto: AP

Garoto propaganda, esta é a nova missão de Boris Becker, que com Steffi Graf forma o par de heróis absolutos do tênis alemão. A elite de jogadores e os analistas esportivos encaram com ceticismo a cartada dos dirigentes da Federação Alemã de Tênis, selada no final de semana.

Ao mesmo tempo em que Becker era festejado, se bem que não por todos, como o salvador da pátria nas comemorações dos 100 anos da federação, a assembléia geral prolongou o mandato do presidente Georg von Waldenfels até 2005. A alemã é a maior federação de tênis do mundo, com cerca de dois milhões de filiados.

Perigo de insolvência - Na realidade, razões para comemorar não há, pois faltam dinheiro e jogadores com resultados expressivos no cenário mundial. Se nas próximas semanas os bancos não perdoarem ao menos a metade da dívida de 8,5 milhões de euros, a federação terá de entrar com pedido de insolvência. De qualquer maneira, já é certa uma redução de 35% na sua receita em 2003.

Num sinal da crise, o campeonato alemão de 2003 foi suspenso, para ao menos garantir o Mundial de Veteranos. Os prêmios do campeonato nacional deste ano, marcado para o mês que vem, foram reduzidos de 9 mil para 7 mil euros.

Embora a DaimlerChrysler tenha renovado o contrato de apoio aos jovens tenistas, apenas o sexo masculino será beneficiado nos próximos dois anos. As garotas terão de se contentar com o que a federação chama de "sinais positivos" de jogadoras profissionais como Anke Huber (já fora das quadras) e Barbara Rittner.

Boris Becker 1985
Becker, mais jovem campeão de Wimbledon, em 7 de julho de 1985Foto: AP

Série de perdas – Após a perda de importantes competições internacionais, como o torneio feminino de Hamburgo e o Masters de Stuttgart, o objetivo da federação é salvar ao menos o German Open, de Hamburgo, marcado para maio. Para isso, os cartolas resolveram apostar no passado: Boris Becker, o primeiro alemão a vencer em Wimbledon e, ao mesmo tempo, o mais jovem campeão no torneio londrino, com 17 anos de idade, em 1985, ainda hoje é idolatrado.

Hoje, vão longe os anos de glória de Becker. Aos 35 anos, destaca-se mais pelos escândalos com mulheres e com o fisco. Mas seu projeto é ambicioso: com muitos eventos e badalações, ele quer popularizar a modalidade no país. A começar pelo German Open, tradicional evento no calendário tenístico alemão, condenado a perder sua sisudez.

Garantia pessoal

– Ao investir 1,5 milhão de euros no seu projeto de marketing, Becker se responsabiliza diretamente pelo futuro do torneio. Só o lucro nas quadras de Rothenbaum em 2003 pode garantir que o Masters continue em solo alemão.

"O tênis faz tanto sucesso nos EUA, por que a fórmula não daria certo na Alemanha?", questiona o tricampeão de Wimbledon, já avisando que o torneio se tornará um lifestyle event, com happy hour, desfile de modas, concertos e shows variados. Um dos pontos altos será uma partida entre veteranos, como o próprio Becker e Michael Stich, contra os Estados Unidos. As outras estrelas alemãs do tênis alemão, entretanto, nem estavam presentes.

O melhor alemão no ranking mundial atualmente é Tommy Haas, décimo na Corrida dos Campeões deste ano da ATP e no ranking de entradas (que considera os resultados nas últimas 52 semanas).

Steffi Graf
Steffi Graf, preocupada com o futuro do tênis alemãoFoto: AP

Críticas severas – Também Steffi Graf, 33, rainha aposentada das quadras, não participou da festa da centenária federação. Mas numa entrevista publicada no semanário Die Zeit, mandou seu recado aos dirigentes: "Quem agüenta uma temporada de 11 meses de competições?", questiona a esposa de André Agassi. Segundo ela, o excesso de transmissão de jogos pela televisão teria cansado os espectadores.

Quem acompanha de perto a decadência do tênis alemão critica, também, a falta de apoio às equipes competitivas. Exemplo disso é que ainda não foram assinados os contratos dos chefes das equipes da Copa Davis e da Federation Cup, Patrick Kühne e Markus Schur, para a próxima temporada.