Bombas de Madri podem afetar aviação e turismo
16 de março de 2004O temor de novas ações terroristas e de uma confirmação da autoria da Al Qaeda provocaram calafrios e incertezas nas bolsas. Principalmente em Wall Street, onde as bombas de Madri reavivaram as recordações de 11 de setembro. Em Frankfurt, o DAX caiu 2,7% nesta segunda-feira, atingindo seu mais baixo nível nos últimos três meses (3810 pontos).
As ações de companhias aéreas, seguradoras e empresas de turismo foram as mais afetadas. Muito preocupada manifestou-se, ainda no fim de semana, a seguradora alemã Allianz, uma das maiores do mundo. Por outro lado, a Federação das Indústrias Automobilísticas (VDA) não vê razão para pessimismo.
Indústria automobilística -
"Estou convencido de que as forças do mercado são mais fortes e irão se impor", disse o presidente da VDA, Bernd Gottschalk, em Frankfurt. "As pessoas unem-se contra o terrorismo, por isso não se pode falar de uma paralisação das atividades econômicas." A curto prazo, porém, a demanda pode ser afetada.Com os atentados em Madri ganhou novo impulso a incerteza notória desde 11 de setembro de 2001, que se manifesta também "numa mudança do comportamento de consumo", acrescentou.
Grupo Allianz -
O economista-chefe do grupo financeiro e de seguros Allianz, Michael Heise, teme efeitos fortes sobre a economia mundial, uma vez confirmada a autoria da Al Qaeda. As empresas seriam mais cautelosas ainda com seus investimentos. Sobretudo o turismo e a aviação seriam afetados. A recuperação da conjuntura na Alemanha poderia ser sufocada nem bem iniciada. A próxima semana seria decisiva para avaliar melhor as repercussões econômicas.Se a ETA estiver por trás da carnificina, a economia mundial pouco será afetada. Mas a espanhola sofreria com a nova dimensão do terrorismo basco, diante da importância econômica do turismo. Os investimentos na Espanha também poderiam diminuir, segundo Heise.
Deutsche Bank -
"Eu me tornei mais medroso, mas mantenho minha previsão de um crescimento de 2% na Alemanha e na Europa", manifestou, por sua vez, o economista-chefe do maior banco alemão, o Deutsche Bank, Norbert Walter, em entrevista à Deutsche Welle. Com os atentados e o resultado inesperado das eleições, a agitação "fará com que tenhamos dados econômicos relativamente fracos em março e abril".Walter observou, no entanto, que a Espanha é um dos países mais dinâmicos da Europa. Mas os atentados também poderão ter um peso negativo no ambiente econômico da zona do euro e levar as pessoas a pensarem no próximo possível alvo do terrorismo islâmico. Ele também conta com conseqüências mais fortes para o setor de turismo.
Operadoras de turismo -
Os expositores que compareceram à ITB, a Feira Internacional do Turismo, em Berlim, no entanto, decidiram encarar a ameaça com otimismo. Atentados não dão vontade de viajar, mas "não creio que as pessoas desistam de suas férias e viagens agora", afirmou Klaus Laepple, presidente da Federação Alemã de Agências de Viagem e Operadoras. A Espanha é um dos destinos preferidos dos alemães nas férias.Instituto econômico -
Para o presidente do instituto de pesquisa econômica Ifo, de Munique, Gebhard Flaig, haverá alguns efeitos negativos a curto prazo. "Mas não acredito que em conseqüências dramáticas". Os consumidores poderão hesitar e adiar aquisições, mas dificilmente as empresas deixarão de investir.Ele admitiu, contudo, que o efeito psicológico seria muito mais forte se os atentados de Madri marcassem o começo de uma série de atos terroristas na Europa.