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Bolsonaro leva ministros a manifestação pró-governo

17 de maio de 2020

Presidente volta a acompanhar protesto a seu favor e incentivar aglomerações, ignorando recomendações sanitárias. Em meio a uma crise política, ao menos 11 ministros e dois filhos de Bolsonaro vão a ato em Brasília.

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O presidente Jair Bolsonaro ao lado de ministros
Após perder dois ministros da Saúde em menos de um mês, convocação do alto escalão é vista como tentativa de mostrar que Bolsonaro segue apoiado por gabineteFoto: Reuters/A. Machado

O presidente Jair Bolsonaro voltou a acompanhar uma manifestação pró-governo em Brasília neste domingo (17/05),  dessa vez ao lado de ao menos 11 ministros. Manifestantes se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto, ignorando recomendações de autoridades sanitárias para que se mantenha o distanciamento social a fim de conter o avanço do novo coronavírus.

Usando máscara, Bolsonaro apareceu no alto da rampa do prédio por volta de meio-dia, segundo a imprensa brasileira. Algumas dezenas de pessoas se aglomeravam à espera do presidente, a maioria delas carregando faixas, bandeiras nacionais e vestindo verde e amarelo.

Entre os ministros presentes estavam Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), André Mendonça (Justiça), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Onyx Lorenzoni (Cidadania), Tereza Cristina (Agricultura), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Abraham Weintraub (Educação).

Parlamentares e ao menos dois filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, também saudaram os manifestantes no Planalto.

Cartazes traziam frases como "deixe Bolsonaro trabalhar", "nossa bandeira jamais será vermelha" e "hidroxicloroquina já". Também foi erguido um mastro com bandeiras do Brasil, Israel e Estados Unidos, países cujos líderes são aliados do presidente. Apoiadores ainda entoaram coros de "Cloroquina! Cloroquina!" e "Queremos trabalhar!".

Bolsonaro saudou apoiadores em frente ao Palácio do Planalto
Bolsonaro saudou apoiadores em frente ao Palácio do PlanaltoFoto: Reuters/A. Machado

Antes de Bolsonaro chegar ao ato, seguranças da Presidência pediram que os manifestantes guardassem faixas contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), informou o jornal Folha de S. Paulo. Um dos cartazes chamava os dois poderes de "traidores da nação".

O presidente elogiou mais tarde a ausência de "faixas e bandeiras que atentem contra a nossa Constituição, contra o Estado democrático de direito", ignorando que cartazes pedindo "Fora Congresso" e "Fora STF" chegaram a ser erguidos por alguns dos presentes. "Manifestação pura da democracia. Estou muito honrado com isso", afirmou.

Em certo momento, um grupo de ministros desceu a rampa do Planalto com uma bandeira do Brasil e a entregou aos manifestantes. Depois, um menino vestido de policial militar subiu a rampa, bateu continência para Bolsonaro e foi carregado no colo pelo presidente.

Segundo jornalistas presentes, Bolsonaro interagiu menos com a população do que em outras manifestações recentes, mas posou para fotografias com ao menos três crianças.

Presidente carregou no colo criança vestida com a farda da Polícia Militar
Presidente carregou no colo criança vestida com a farda da Polícia MilitarFoto: AFP/S. Lima

Sobre a crise do coronavírus, o presidente disse que o governo federal tem dado "todo o apoio para atender" pacientes com covid-19. "Esperamos brevemente ficar livre dessa questão, para o bem de todos nós. O Brasil, tenho certeza, certeza, voltará mais forte", disse, um dia depois de o país superar Itália e Espanha em número de infectados e se tornar o quarto do mundo com mais casos.

A convocação de ministros em pleno domingo pode ser encarada como uma tentativa de Bolsonaro de demonstrar que segue apoiado por seu ministério, em meio às crises política e sanitária que assolam seu governo, principalmente após o presidente empurrar para a demissão seu segundo ministro da Saúde em menos de um mês.

Nelson Teich deixou o cargo nesta semana, em meio a divergências com Bolsonaro sobre o uso da cloroquina para o tratamento da covid-19, menos de 30 dias após assumir a pasta no lugar de Luiz Henrique Mandetta, demitido pelo presidente também após atritos sobre a gestão da epidemia.

Em meio a um aumento exponencial das infecções e mortes, o Brasil somava mais de 233 mil casos da doença e mais de 15 mil óbitos até a tarde deste domingo.

EK/rtr/ots

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