Bolsonaro exonera diretor da PF, e Moro deve deixar governo
24 de abril de 2020O presidente Jair Bolsonaro exonerou o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Leite Valeixo, segundo o Diário Oficial da União desta sexta-feira (24/04). Um substituto ainda não foi indicado.
Valeixo havia sido escolhido para a PF pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, que dissera nesta quinta-feira que renunciaria ao seu cargo se Valeixo fosse afastado. Depois da exoneração, Moro anunciou um pronunciamento no Ministério da Justiça, marcado para as 11h desta sexta-feira. Pessoas ligadas a ele disseram à imprensa que ele anunciará sua saída do governo.
Segundo consta no Diário Oficial, a exoneração ocorreu através de um decreto assinado por Bolsonaro e por Moro, "a pedido" do próprio Valeixo.
O portal de notícias G1 e o jornal Folha de S. Paulo informaram nesta quinta-feira que Moro havia dito ao presidente que renunciaria se Valeixo fosse demitido, o que foi negado pelo Ministério da Justiça.
Segundo o G1, Bolsonaro teria avisado a Moro que iria substituir Valeixo na direção da PF em uma reunião nesta quinta-feira, mas o ministro teria resistido. De acordo com a Folha, ele teria pedido demissão logo após ser informado sobre a decisão pelo presidente. Bolsonaro teria então acionado ministros militares para persuadir Moro a permanecer na pasta.
A intenção por trás da troca no comando da PF seria colocar um nome próximo do presidente, uma vez que Valeixo é visto como o braço-direito de Moro na pasta. A inclusão do nome do ministro no anúncio da exoneração seria uma questão de formalidade, uma vez que o diretor-geral da PF é diretamente subordinado a ele.
Segundo a Folha, Valeixo não pediu a própria exoneração, ao contrário do que foi publicado no Diário Oficial.
Moro anunciou o nome de Valeixo para comandar a PF em novembro de 2018, antes da posse de Bolsonaro. O diretor-geral exonerado atuou como superintendente da PF no Paraná durante a Operação Lava Jato, na época em que atual ministro da Justiça era o juiz federal responsável pelos processos em primeira instância da operação.
Em nota, a Associação de Delegados de Polícia Federal (ADPF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol) condenaram a troca no comando da PF, afirmando que tais "especulações prejudicam a estabilidade da Polícia Federal [...] e colocam em risco a própria credibilidade na lisura dos trabalhos da instituição".
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