Bolsonaro diz que Trump desistiu de sobretaxar aço do Brasil
20 de dezembro de 2019Em uma transmissão nas redes sociais, Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (20/12) que o presidente dos EUA, Donald Trump, desistiu de sobretaxar o aço e alumínio produzidos no Brasil.
Segundo o presidente brasileiro, a questão foi acertada num telefonema com seu homólogo americano, que durou 15 minutos,
"Há pouco, recebi a ligação de Trump. Entendo o que ele pretendia fazer e dei mil argumentos a ele. Ele se convenceu e decidiu a dizer a todos os brasileiros que o aço e o alumínio não serão sobretaxados. Dessa forma, a nossa política continua sendo a melhor possível”, disse Bolsonaro.
O brasileiro ainda afirmou que o episódio fortaleceu ainda mais as relações entre os dois países.
"Há muito o Brasil vinha se afastando dos EUA. Eles são grandes parceiros nossos. A amizade pessoal sai mais fortalecida ainda. A notícia é que o aço e o alumínio não serão sobretaxados. Dessa forma fortalecemos mais ainda nossas relações comerciais”, completou.
Ainda nesta tarde, Trump se manifestou sobre o telefonema, mas sem citar especificamente o tema do aço e do alumínio. "Acabei de ter uma ótima conversa ao telefone com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Discutimos vários assuntos, incluindo comércio. A relação entre EUA e Brasil nunca esteve tão forte", escreveu o americano.
No dia 2 de dezembro, Donald Trump, acusou o Brasil e a Argentina de desvalorizarem suas moedas de forma "maciça" e anunciou que pretendia impor tarifas sobre importações de aço e alumínio de ambos os países.
"O Brasil e a Argentina estão presidindo uma desvalorização maciça de suas moedas", afirmou o republicano em seu canal no Twitter, acrescentando que isso estaria prejudicando os agricultores americanos. "Por isso, com efeito imediato, restaurarei as tarifas de todo o aço e alumínio enviados para os EUA a partir desses países", escreveu.
Na ocasião, o anúncio foi encarado como mais um sinal de que a Casa Branca não estaria com reciprocidade à política de alinhamento do governo Bolsonaro com os EUA.
Até agora, essa política fez com que o governo brasileiro acatasse exigências do governo americano como a renúncia ao status especial de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a aumentar a cota de etanol que pode ser vendido pelos EUA ao Brasil. No entanto, os americanos não devolveram os gestos.
Em outubro, os EUA desistiram de apoiar a inclusão do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), um tema que havia sido acertado na visita de Bolsonaro a Washington, em março. Em novembro, os EUA também negaram a reabertura do seu mercado interno para carne bovina in natura de origem brasileira.
Após o anúncio da sobretaxa ao aco e alumínio no início do mês, Bolsonaro disse que, "se necessário", iria conversar com Trump a respeito das tarifas e disse que tinha um "canal aberto" com o presidente americano.
Posteriormente, o presidente disse que não considerou a decisão de Trump retaliação. "Primeiro é munição para pessoal opositor meu aqui no Brasil", afirmou. "A economia deles não se compara com a nossa, é dezena de vezes maior do que a nossa. Não vejo isso como retaliação. Vou conversar com ele [Trump] para ver se não nos penaliza com a sobretaxa no preço do alumínio", acrescentou.
Segundo declarou Bolsonaro nesta sexta-feira, a requisição aos americanos para que a decisão sobre a sobretaxa fosse revista foi feita ministros Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, e Paulo Guedes, da Economia. A embaixada do Brasil em Washington também entrou em contato com a Casa Branca e o Congresso americano para tentar reverter a medida.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o principal argumento usado pela embaixada foi de que o aço que chega do Brasil aos EUA serve de insumo para empresas americanas e que as novas taxas acabariam por encarecer o produto para os próprios consumidores americanos.
.JPS/ots
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