Bolsonaro diz que fará novas trocas após mudar Petrobras
20 de fevereiro de 2021O Presidente da República, Jair Bolsonaro, indicou neste sábado (20/02) que deve realizar novas mudanças em cargos do governo. Ao participar de uma cerimônia de formatura de cadetes em Campinas (SP), Bolsonaro disse que precisa "trocar as peças que por ventura não estejam dando certo."
Em discurso, o presidente afirmou que há possibilidade de mais trocas na semana que vem, mas não deu detalhes.
"Vocês aprenderão rapidamente que pior do que uma decisão mal tomada é uma indecisão. Eu tenho que governar. Trocar as peças que porventura não estejam dando certo", disse, um dia depois de trocar o comando da Petrobras.
"E se a imprensa está preocupada com a troca de ontem, na semana que vem teremos mais. O que não falta para mim é coragem para decidir pensando no bem maior da nossa nação. O mais fácil é se acomodar, é se aproximar daqueles que não têm compromisso com a pátria", completou.
Durante a cerimônia, Bolsonaro também deu declarações dando a entender que gostaria de comandar um governo mais autoritário. "Alguns acham que eu posso fazer tudo. Se tudo tivesse que depender de mim, não seria este o regime que nós estaríamos vivendo. E apesar de tudo eu represento a democracia no Brasil", disse Bolsonaro, que assim como vários militares que compareceram ao evento, não usou máscara.
Petrobras
A declaração do presidente foi feita um dia após ele anunciar a troca no comando da Petrobras. Na noite desta sexta-feira, em postagem nas redes sociais, Bolsonaro compartilhou uma nota oficial do Ministério das Minas e Energia (MME) que informava sobre a indicação do general Joaquim Silva e Luna para o cargo de presidente da empresa. Silva e Luna vai substituir Roberto Castello Branco, que está no posto desde o início do governo, em janeiro de 2019.
Para ocupar a vaga deixada por Silva e Luna, que ocupava o cargo de diretor-geral brasileiro da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, Bolsonaro indicou o general de reserva do Exército João Francisco Ferreira. O anúncio foi feito por meio das redes sociais do presidente, com uma nota do Ministério de Minas e Energia. Caso o nome de Silva e Luna seja aprovado pelo conselho de administração da Petrobras, ele será o primeiro militar a comandar a empresa desde a década de 1980.
O general já havia sido em 2018 o primeiro militar a comandar o Ministério da Defesa desde a criação da pasta, em 1999, no que foi encarado como um retrocesso institucional por especialistas, ao enfraquecer o comando civil sobre as Forças Armadas. Além disso, sua indicação para direção-geral da Itaipu também marcou a volta de um militar no comando da empresa após 30 anos.
A mudança na Petrobras ocorre em meio a recentes aumentos no preço dos combustíveis e um dia depois do governo anunciar que vai zerar os impostos federais que incidem sobre o gás liquefeito de petróleo (GLP) – o gás de cozinha – e o óleo diesel. A notícia não foi bem digerida pelo mercado, que teme que Bolsonaro vá interferir diretamente na política de preços da empresa.
Ainda na sexta-feira, o peço das ações da Petrobras registrou forte queda, e a empresa perdeu mais de R$ 28 bilhões em valor de mercado no Brasil. Há expectativa de que o valor caia ainda mais na segunda-feira.
Na quinta-feira, em uma de suas lives presidenciais, Bolsonaro criticou Castello Branco pelo aumento de preços. "Quando há um aumento de combustível, o pessoal aponta e atira para o presidente da República. Isso vai começar a mudar, começou a mudar já. Temos que tirar quem está na frente da Petrobras. E uma curiosidade. Vocês sabiam que desde março do ano passado o presidente da Petrobras está em casa, assim como toda a sua diretoria? Não dá para estar à frente de uma estatal dessa forma", disse na ocasião.
jps (ab, ots, dw)