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Bolsonaro diz que Brasil sofre com "psicose ambientalista"

29 de junho de 2019

Presidente relata ter feito declaração em encontro com a chanceler federal da Alemanha. Segundo ele, Merkel "arregalou os olhos" ao ouvir convite para explorar a Amazônia de "forma racional e sustentável".

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Presidente Bolsonaro na sua chegada a Osaka, no Japão, para cúpula do G20
Bolsonaro na chegada ao Japão: viagem foi marcada por troca de farpas com europeus por política ambiental do seu governoFoto: Getty Images/AFP/C. Triballeau

Após ter entrado em atrito com líderes europeus por causa da sua política ambiental, o presidente Jair Bolsonaro disse para a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, que o Brasil  é vítima de uma "psicose ambientalista".

"Conversei com ela, foi uma conversa tranquila. Em alguns momentos, ela arregalava os olhos, de maneira bastante cordial. Mostramos que o Brasil mudou o governo, e é um país que vai ser respeitado. Falei para ela também da questão da psicose ambientalista que existe para conosco", disse Bolsonaro a jornalistas, descrevendo um encontro que teve com Merkel na sexta-feira (28/06) em meio à cúpula do G20, em Osaka, no Japão.

Antes de viajar, Merkel havia dito durante uma sessão no Bundestag (Parlamento alemão) que via com"grande preocupação" a politica do governo brasileiro em relação ao desmatamento e aos direitos humanos. Ela também disse desejar ter uma "conversa clara" com o brasileiro sobre esses temas.

O presidente brasileiro não reagiu bem à fala da alemã e, ao chegar ao Japão, disse que o "presidente do Brasil que está aqui não é como alguns anteriores que vieram para serem advertidos por outros países". Ele ainda afirmou que os alemães têm "a aprender" com os brasileiros.

"Nós temos exemplo para dar para a Alemanha sobre meio ambiente, a indústria deles continua sendo fóssil, em grande parte de carvão, e a nossa não. Então eles têm a aprender muito conosco", comentou.

Mais tarde, foi a vez de o general Augusto Heleno, titular do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), reagir – de maneira mais exaltada – não só à fala de Merkel, mas também a uma declaração do presidente francês, Emmanuel Macron, de que a França não assinaria qualquer acordo comercial com o Mercosul caso o Brasil se retirasse do Acordo de Paris sobre o clima, como já ameaçou Bolsonaro.

Heleno disse que os europeus não têm moral para criticar a política ambiental do Brasil. "A política de meio ambiente é totalmente injusta ao Brasil. O Brasil é um dos países que mais preserva meio ambiente no mundo. Quem tem moral para falar da preservação de meio ambiente do Brasil?", disse o ministro. "Estes países que criticam? Vão procurar a sua turma."

Mais tarde, os brasileiros diminuíram o tom. Em encontro paralelo à cúpula do G20, Bolsonaro convidou Macron para visitar a floresta amazônica. Segundo a comitiva do presidente brasileiro, ele também reafirmou seu compromisso de permanecer no Acordo de Paris.

"Eu convidei para conhecer a região amazônica. Falei para ele [de realizarmos] uma viagem de Boa Vista a Manaus. É pouco mais de duas horas. A gente poderia até voar a uma altura mais baixa, demoraria mais tempo, em um avião da Força Aérea, para ele ver que não existe o desmatamento tão propalado", disse Bolsonaro, que também relatou ter usado o termo "psicose ambientalista" no encontro com o francês.

Ainda sobre o encontro com Merkel, Bolsonaro afirmou que a chanceler "arregalou os olhos" em duas ocasiões durante a conversa. Uma das reações ocorreu quando Bolsonaro fez um convite a Merkel para explorar a Amazônia de  "de forma racional e sustentável". "Não é porque eles destruíram as matas deles que vamos destruir as nossas. Convidei a Merkel a explorar de forma sustentável nossa Amazônia, ela arregalou os olhos também."

"Se alguém pode falar sobre preservação ambiental é o Brasil", disse. "Não podemos aceitar certas observações e uma difamação do Brasil no tocante a essa área."

O presidente ainda disse que "no momento" o Brasil segue no Acordo de Paris, mas também afirmou que alertou Merkel de que nem mesmo a Alemanha vai cumprir o tratado, porque o país europeu ainda tem uma indústria dependente de energia fóssil. "O que cada brasileiro bota para fora e produz de CO2, o alemão é quatro vezes mais", disse Bolsonaro.

JPS/efe/ots

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