Bocas de urna dão vitória do "não" em referendo na Grécia
5 de julho de 2015As primeiras projeções divulgadas pelas televisões gregas após o fechamento das urnas do referendo deste domingo (05/07) apontam para uma vitória, por escassa margem de vantagem, do "não" às propostas dos credores do país em troca de ajuda para pagar a dívida da Grécia.
Com mais da metade das urnas apuradas, estimativas indicam que cerca de 60% da população rejeitou as medidas de austeridade apresentadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia. Milhares de pessoas acompanharam a apuração dos votos nas ruas de Atenas.
Segundo a agência de noticias grega AMNA, a participação nas urnas foi de cerca de 65%, similar à das eleições gerais, em janeiro. O referendo ocorreu sem incidentes. Os mais de 19 mil locais de votação abriram às 7h (horário local).
Em entrevista à televisão pública, o ministro adjunto da Segurança Social, Dimitris Stratulis, disse que as pessoas disseram "não à campanha do medo", rejeitando a proposta dos credores, o que fortalece a posição do governo nas negociações.
Já o deputado Miltiadis Varvitsiotis, do Nova Democracia, partido que participou do governo anterior, observou que "há polarização e divisão". "Amanhã, nada mudará na realidade econômica. A divisão não torna o dia seguinte mais fácil", observou Varvitsiotis, que foi ministro da Marinha Mercante no último governo.
Uma pesquisa de opinião divulgada na sexta-feira indicou uma ligeira vantagem para o "sim". O levantamento, encomendado pelo jornal grego Ethnos ao instituto de pesquisas Alco, mostrou uma mudança na tendência revelada por uma pesquisa anterior, que colocava à frente o voto no "não".
A sondagem colocou o "sim" em ligeira vantagem, com 44,8% dos entrevistados se declarando a favor das reformas. Os eleitores contrários às medidas de austeridade somaram 43,4% e os indecisos, 11,8%.
Dívida
O FMI, o BCE e a Comissão Europeia exigiram que o governo grego tome uma série de medidas de austeridade em troca da liberação da última parcela do pacote de resgate econômico à Grécia, no valor de 7,2 bilhões de euros.
Na última terça-feira, expirou o prazo para Atenas quitar uma dívida de 1,6 bilhão de euros com o FMI. As negociações entre o primeiro-ministro Alexis Tsipras e os credores internacionais se arrastaram por cinco meses sem se chegar a um acordo.
A chanceler alemã Angela Merkel vai se encontrar nesta segunda-feira com o presidente francês François Hollande para discutir o resultado do referendo.
KG/afp/efe/lusa/dpa