Blatter é reeleito presidente da Fifa
29 de maio de 2015Apesar dos recentes escândalos de corrupção, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi eleito pela quinta vez consecutiva para o comandar a entidade máxima do futebol. Ele venceu a votação realizada no 65º congresso da Fifa, nesta sexta-feira (29/05), na sede da entidade, em Zurique.
Blatter foi declarado vencedor depois de o seu único concorrente, o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein, ter reconhecido derrota e desistido da realização de um segundo turno. No primeiro, Ali obtivera 73 votos, contra 133 de Blatter, de um total de 206 votos válidos. Havia 209 federações autorizadas a participar do pleito.
Blatter deixou de vencer no primeiro turno por apenas sete votos – 140 eram necessários para alcançar a maioria de dois terços exigida. "Muito obrigado, vocês me aceitaram pelos próximos quatro anos. Vou estar no comando desse barco da Fifa. Vamos levá-lo de volta à terra firme", afirmou.
A votação ocorreu dois dias após a Justiça americana ter indiciado 14 dirigentes, incluindo nove da Fifa – todos relacionados a um vasto esquema de subornos ligados à concessões de torneios de futebol e comercialização de direitos de transmissão. Paralelamente, autoridades suíças também anunciaram uma investigação criminal sobre as escolhas de Rússia e Catar para sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, respectivamente.
Em 2011, Blatter foi o único candidato à presidência da Fifa e recebeu 186 dos 203 votos válidos.
Blatter promete "colocar a Fifa de volta no caminho certo"
Antes do início da votação, cada um dos candidatos teve a oportunidade de discursar para os membros das 209 federações de futebol da Fifa.
Apesar de já ter completado 17 anos como presidente da entidade – uma era marcada por escândalos – Blatter pediu um novo voto de confiança e que os delegados de cada federação se unissem a ele "para colocar a Fifa de volta no caminho certo".
"Vocês me conhecem, não preciso me apresentar", disse Blatter aos delegados. "Nós não precisamos de uma revolução. Nós precisamos de uma evolução", afirmou.
Com o recente escândalo, que levou à prisão de sete cartolas do futebol mundial, a imagem da Fifa, e por tabela de seu presidente, ficou ainda mais manchada. No entanto, o suíço de 79 anos rejeitou qualquer responsabilidade pessoal no caso de corrupção, que está sendo investigado por autoridades americanas e suíças. "Os culpados que estão por trás disso – caso venham a ser condenados como culpados – agem como indivíduos. Não se trata de toda a organização", disse Blatter.
O mandatário, porém, admitiu haver uma responsabilidade conjunta do comitê executivo da Fifa. Por outro lado, ele questionou a proximidade entre a prisão dos dirigentes e a eleição para a presidência da entidade. "Coloco em questão se foi uma coincidência", declarou Blatter. Por fim, Blatter apelou com um "não quero deixar vocês" e recebeu efusivos aplausos dos 209 delegados.
Príncipe jordaniano fala em democratizar a Fifa
O único concorrente de Blatter a manter a candidatura até a data do congresso foi o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein. Para os delegados, o príncipe havia dito que era necessário "um líder comprometido para consertar essa bagunça na qual estamos".
"Eu sei que a Fifa não é apenas um homem", disse o príncipe de 39 anos, que possui pouca experiência no mundo do futebol e em seu discurso transpareceu nervosismo. Al-Hussein prometeu "lutar contra o racismo e a discriminação em todas as suas formas e em defender os direitos humanos" e em transformar a Fifa numa organização mais democrática, transparente e aberta. Além disso, ele também garantiu que pretendia ficar apenas um mandato à frente da federação.
Protesto interrompe congresso por alguns instantes
Durante a abertura do congresso, duas manifestantes palestinas interromperam por breves instantes o discurso de Blatter, mostrando cartões vermelhos aos representantes da organização, enquanto gritavam "fora, Israel!"
Antes do início do evento, cerca de 150 manifestantes pró-Palestina haviam protestado do lado de fora do congresso. A Palestina, membro da Fifa desde 1998, pretendia a expulsão da federação de Israel, na sequência de restrições impostas à liberdade de circulação de jogadores palestinos. Os palestinos retiraram o pedido.
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