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Bicicleta, cerveja e turismo sustentável em Berlim

26 de fevereiro de 2018

Minibares ambulantes são presença constante no centro da capital alemã e alvo de reclamações de motoristas e moradores. Governo berlinense quer proibir essa atração, em favor da promoção do turismo de qualidade.

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Bierbike em Berlim
10 litros de cerveja por hora são liberados por uma das empresas que aluga bierbikesFoto: picture-alliance/dpa

A promessa é conhecer Berlim sem poluir o meio ambiente e de uma maneira que reúna animação e esporte. No entanto, as chamadas bierbikes (bicicleta da cerveja) são vistas com ceticismo por autoridades locais, motoristas e moradores.

Nos últimos anos, estas bicicletas – que mais parecem um minibar sobre rodas, equipadas com uma mesa e barril de cerveja – são presença cada vez mais frequente nas ruas centrais da capital alemã. O grupo de turistas literalmente pedala enquanto enche a cara. O anúncio de uma das empresas que aluga bierbikes soa quase como uma ironia, ao destacar que, para que os turistas possam "aproveitar o tour", o máximo de cerveja disponibilizada é de 10 litros por hora para 16 pessoas.

Leia também: Cerveja alemã com toque brasileiro

É difícil acreditar que os usuários de bierbikes estejam realmente interessados em conhecer a cidade. Sempre animados, os jovens que alugam esse serviço não parecem demonstrar curiosidade ao passear por Berlim. O foco do passeio parece ser mesmo beber e se divertir com reclamações de motoristas, que precisam dividir a rua com os minibares ambulantes.

A jornalista Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008
A jornalista Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008Foto: DW/G. Fischer

Desde 2010, o governo municipal tenta achar argumentos para proibir as bierbikes em Berlim. A mistura de bebida com trânsito é o que mais incomoda as autoridades. A discussão ganhou novo fôlego depois de Amsterdã, na Holanda, banir essas bicicletas de suas ruas no início de novembro, após uma ação promovida pelos moradores da cidade. As bierbikes também não têm permissão para circular em Colônia e Düsseldorf.

Outro argumento passou recentemente a pesar para a proibição das bierbikes em Berlim: elas não combinam com o modelo de turismo que o governo local quer promover na cidade. Para evitar que a capital alemã se torne um ponto de encontro para turistas que desejam apenas fazer festa e beber até não aguentar mais, trazendo incômodos para a população local, os planos da administração berlinense são fomentar o turismo sustentável e cultural.

A secretária da Economia de Berlim, Ramona Pop, destacou em entrevistas que turistas que vêm em busca de cultura são os que mais trazem dinheiro para a cidade e fomentam a economia local, por isso, o governo quer investir em turismo de qualidade.

Neste contexto, as bierbikes não contribuem em nada para a imagem de turismo de qualidade que o governo quer associar com Berlim. Até a proibição, será um longo e incerto caminho – afinal, para que o banimento destas bicicletas seja colocado em prática é preciso fatos concretos que provem que elas são uma ameaça para o trânsito. Atualmente apenas um caso comprova esse risco: o da bierbike que entrou num túnel que passa embaixo do parque Tiergarten, uma importante ligação entre o sul e norte da cidade.

Uma proposta concreta para turismo sustentável e como promovê-lo deve ser divulgada em breve pelo governo local. A cidade é um dos destinos preferidos na Alemanha e em 2016 recebeu 12,7 milhões de visitantes.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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