Berlim modernista pode se tornar Patrimônio Mundial
7 de julho de 2021Na década de 1950, Berlim ainda não era dividida por um muro, mas já estava política e culturalmente polarizada. Nesse contexto, visões urbanas concorrentes para a cidade devastada representaram uma subtrama central neste verdadeiro campo de batalha de ideias.
No início da década, na parte oriental da cidade, o regime comunista construiu uma nova e pomposa avenida batizada de Stalin-Allee (Avenida Stalin) – uma homenagem ao ditador soviético que morreria em 1953.
O conjunto de grandes edifícios residenciais ao longo de uma larga avenida de dois quilômetros combinava o classicismo socialista com a ornamentação do estilo arquitetônico prussiano. Em 1961, a avenida foi renomeada para Karl-Marx-Allee.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, as autoridades contrataram vários arquitetos modernistas para construir um novo bairro residencial em meio às ruínas em Berlim Ocidental, no que se tornou o chamado Hansaviertel.
Tais edifícios, projetados por nomes como Le Corbusier, Walter Gropius e até mesmo o brasileiro Oscar Niemeyer, poderão em breve se juntar aos seus contemporâneos do design soviético na lista de Patrimônio Mundial da Unesco.
"Karl-Marx-Allee e Interbau 1957 – Arquitetura e desenvolvimento urbano do modernismo do pós-guerra" é o nome da proposta, defendida pelo Senado de Berlim, que entrará no trâmite da chamada "Lista Provisória" da Alemanha para a Unesco.
Nesse meio tempo, a Waldsiedlung Zehlendorf, ou Assentamento Florestal de Zehlendorf, no extremo oeste de Berlim, deve expandir seus seis "Conjuntos habitacionais modernistas de Berlim" existentes, que já se tornaram Patrimônio Mundial da Unesco em 2008.
De caráter revolucionário, tais conjuntos habitacionais sociais foram construídos entre 1913 e 1934, sobretudo durante a chamada República de Weimar, breve período social-democrata entre o fim do Império Alemão e o início da ditadura nazista. Muitas das construções foram resultado da visão de mestres da Bauhaus como Bruno Taut.