Mundo árabe
24 de julho de 2011A Alemanha anunciou neste domingo (24/07) que fará um empréstimo aos rebeldes líbios no valor de até 100 milhões de euros. "Por causa da guerra do coronel Kadafi contra o seu próprio povo, a situação na Líbia é muito difícil", justificou em Berlim o ministro alemão do Exterio, Guido Westerwelle.
Segundo o comunidado, a verba servirá para fortalecer o Conselho Nacional de Transição (CNT), "para que possa construir as estruturas necessárias e superar problemas de fornecimento, desde medicamentos a alimentos".
Westerwelle informou ainda que o financiamento à oposição líbia, agrupada no CNT, é necessário porque os ativos congelados existentes na Alemanhado do ditador líbio, Muammar Kadafi, ainda não podem ser liberados.
O ministro também lembrou que os "vários bilhões" do ditador congelados no exterior não poderão ser usados agora, "embora pertençam ao povo líbio". O político alemão observou que esse dinheiro será empregado como garantia do crédito "assim que o Conselho de Segurança da ONU o liberar para um governo líbio de direito". Somente na Alemanha, a cifra congelada somaria mais de sete bilhões de euros.
A Alemanha tentou a liberação das contas congeladas do regime Kadafi em favor do governo em Bengasi, mas esbarrou na oposição de Rússia e China. Até agora, Berlim havia disponibilizado 15 milhões de euros em ajuda humanitária.
Bombardeios da Otan em Trípoli
A Otan realizou neste domingo ataques aéreos contra alvos militares em Trípoli, enquanto Kadafi denunciava numa mensagem em áudio uma "conspiração colonial" contra o seu país, que vive em caos há mais de cinco meses.
"Em Trípoli, atingimos dois centros de controle e de comando, dois lançadores de mísseis terra-ar e uma bateria antiaérea", informou um responsável da Otan a partir da sede da operação da força internacional, em Nápoles, Itália.
Nas primeiras horas deste domingo, duas explosões atingiram o bairro onde reside o ditador Kadafi, no centro da capital, e foram seguidas de explosões no leste e sudeste de Trípoli.
Kadafi se diz vítima de conspiração
O líder líbio afirmou numa mensagem de áudio divulgada durante a noite pela televisão estatal que os problemas que atingem o país são uma "conspiração colonial". Kadafi rejeitou as acusações de eliminação de opositores e da morte de milhares de manifestantes, lançadas por grupos de defesa dos direitos humanos. "Apenas oito pessoas morreram e está decorrendo um inquérito para determinar em que circunstâncias", disse.
Kadafi exprimiu, ainda, sua solidariedade em relação ao ex-presidente egípcio, Hosni Mubarak, que abandonou o poder em fevereiro, afirmando que é um homem "pobre, modesto" e que "ama" seu povo.
Condições para cessar-fogo
Esta semana, o segundo homem da rebelião líbia admitiu implicitamente que ditador possa vir a permanecer no país, desde que se afaste da vida política.
"Penso que o mais importante é que Kadafi deixe o poder. Quando essa etapa for ultrapassada, poderemos passar à próxima fase, ou seja, decidir onde ele poderá ficar e que tipo de entendimento é possível", disse Mahmud Jibril numa entrevista coletiva realizada em Madri.
Jibril reagia a declarações feitas na última quarta-feira pelo ministro do Exterior francês, Alain Juppé, admitindo que Kadafi possa permanecer na Líbia, desde que se mantenha afastado da vida política, condição prévia para um cessar-fogo. "Quem vai decidir é o povo líbio", acrescentou o representante do CNT.
MD/dapd/lusa/dpa
Revisão: Nádia Pontes