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Belarus condena alemão à morte por "terrorismo"

19 de julho de 2024

Corte em Minsk ordenou a execução de Rico Krieger, acusado de "terrorismo e atividades mercenárias". Governado pelo ditador Lukashenko, país é o único na Europa que ainda aplica pena de morte.

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Janela de uma prisão fechada por grades e, em primeiro plano, arame farpado
Prisão em Minsk, Belarus (foto de arquivo): Grupo de direitos humanos Viasna afirma que Rico Krieger foi julgado no final de junhoFoto: Zuma Press/IMAGO

Um alemão foi sentenciado à morte em Belarus sob a acusação de "terrorismo" e "atividades mercenárias", segundo anunciado nesta sexta-feira (19/07) pelo grupo de direitos humanos Viasna, entidade fundada por Ales Bialiatski, vencedor do Nobel da Paz de 2022.

Ainda segundo os ativistas, Rico Krieger, 30, foi julgado por uma corte em Minsk em sessão secreta no final de junho.

De acordo com a agência de notícias AFP, a condenação estaria relacionada ao Regimento Kastus Kalinouski, uma unidade militar formada por cidadãos bielorrussos que lutam ao lado da Ucrânia contra a Rússia.

O nome do regimento é uma homenagem ao escritor, jornalista, advogado e revolucionário de origem bielorussa e polonesa, executado em 1864 por ter liderado uma revolta contra a Rússia.

Viasna afirma que Krieger foi considerado culpado de ter violado seis artigos do código criminal bielorusso, que dispõem sobre atos mercenários, de espionagem e de terrorismo, criação de um grupo extremista e a deliberada inutilização de um veículo ou dispositivo de comunicação, bem como ações ilegais relacionadas a armas de fogo, munição e explosivos. O alemão, que estaria preso desde novembro de 2023, também teria sido acusado de organizar "explosões" em Belarus.

Em sua página no LinkedIn, Krieger dizia trabalhar como médico militar para a Cruz Vermelha Alemã. Antes disso, ele teria atuado para o Departamento de Estado dos EUA em Berlim como oficial de segurança especial armado. Procurada, a Cruz Vermelha confirmou que Krieger fez parte de seu quadro de funcionários no passado, mas que a estadia dele no exterior não tinha relação com o trabalho e que o grupo, ao saber de sua prisão, tentou libertá-lo.

Belsat, um veículo jornalístico baseado na Polônia e voltado para o público bielorusso, citou o canal do Telegram "Motolko.Help" dizendo que não estava claro se houve recurso contra a sentença.

Alemanha confirma caso e diz estar em contato com Belarus

Em comunicado, o ministério alemão do Exterior disse estar a par do caso e afirmou estar fornecendo "apoio consular" a Krieger e "trabalhar arduamente em seu favor junto às autoridades bielorussas".

"A pena de morte é uma forma cruel e desumana de punição que a Alemanha rejeita sob todas as circunstâncias. Estamos trabalhando em todo o mundo pela sua abolição e nos esforçando junto com todos os afetados para que não seja implementada", consta da nota.

Último país na Europa a aplicar a pena de morte

Aliada do presidente russo Vladimir Putin, Belarus, que é governado com mão de ferro Alexander Lukashenko desde 1994, é o único país europeu que ainda aplica a pena de morte – exclusivamente contra homens. A Rússia também mantém a pena em seu código criminal, mas não executa oficialmente condenados desde os anos 1990.

Nos últimos dois anos, Belarus aprovou a execução como punição para alta traição e "tentativa de terrorismo".

Condenados são executados com armas de fogo, em datas que não são tornadas públicas. Os corpos dos mortos não são entregues às famílias, que também não são informadas o local do enterro.

ra (AFP, Reuters, ots)