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Bayer apresenta recurso contra indenização por glifosato

19 de setembro de 2018

Monsanto, subsidiária da multinacional alemã, recorre na Justiça americana contra indenização de 289 milhões de dólares a zelador. Homem alega ter contraído câncer ao trabalhar com herbicida que contém glifosato.

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Mão pega pode do herbicida Roundup
Zelador utilizou durante dois anos o herbicida Roundup, produzido pela Monsanto e que contém glifosato, Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen

A Monsanto, subsidiária da Bayer, apresentou nesta quarta-feira (19/09) um recurso contra a decisão de um júri da Califórnia de condenar a companhia a pagar 289 milhões de dólares em indenizações a um homem que afirma ter contraído câncer devido à exposição a um herbicida da empresa que contém glifosato.

Em seu recurso, apresentado ao Supremo Tribunal de São Francisco, a Monsanto afirma que a decisão do júri, anunciada em meados de agosto, não foi suficientemente corroborada pelas evidências apresentadas durante o julgamento por Dewayne Johnson.

O americano utilizou o herbicida Roundup, produzido pela Monsanto, durante dois anos quando trabalhava como zelador de uma escola de São Francisco.

A Monsanto pediu que a sentença seja anulada, que o valor da indenização seja reduzido ou que seja aberto um novo processo. Uma audiência sobre o recurso foi marcada para 10 de outubro.

O processo de Johnson, iniciado em 2016, foi o primeiro nos EUA que lidou com a possibilidade de o glifosato causar câncer. Devido ao estágio avançado da doença em Johnson, o processo foi priorizado pelo júri.

Ao anunciar a decisão, o júri californiano determinou que a Monsanto não alertou os clientes sobre os riscos que corriam ao utilizar o produto.

Os jurados também concluíram que a omissão da empresa em incluir os alertas necessários foi um "fator substancial" para provocar a doença de Johnson, de 46 anos, e que sofre de um linfoma incurável. Segundo seus médicos, ele só tem mais alguns meses de vida.

Polêmico glifosato

O glifosato é um herbicida que tem gerado controvérsia no mundo todo pelas discussões sobre seus efeitos prejudiciais, tanto para saúde humana quanto para o meio ambiente. 

A Bayer enfrenta cerca de 8.700 processos envolvendo o glifosato somente nos Estados Unidos. Desde a condenação no caso de Johnson, as ações da empresa despencaram.

A Monsanto, que foi recentemente comprada pela multinacional alemã Bayer por 62 bilhões de dólares, argumentou que o linfoma não-Hodgkin leva anos para se desenvolver e que Johnson deve tê-lo adquirido antes de começar a trabalhar na escola, em 2012.

A Bayer afirmou ainda que a decisão do júri contradiz estudos científicos, experiências práticas de décadas e avaliações de autoridades reguladoras que confirmam que o glifosato é seguro e não cancerígeno.

Em 2017, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) conclui uma avaliação dos riscos do glifosato realizada ao longo de décadas e declarou que o agroquímico provavelmente não é cancerígeno" e que não há "riscos significativos para a saúde humana quando o produto é usado de acordo com o rótulo do pesticida".

A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, classificou em 2015 o glifosato como "provavelmente cancerígeno para o ser humano".

No Brasil, um tribunal derrubou no início de setembro uma liminar da Justiça Federal de Brasília que havia suspendido o uso de produtos à base de glifosato e outros agroquímicos no mês anterior.

LPF/rtr/ots

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