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Baviera estuda reabrir usina nuclear sob controle estadual

16 de abril de 2023

Horas depois de a Alemanha desligar suas últimas três usinas nucleares, governador conservador da Baviera propôs repassar a responsabilidade das usinas para os estados com o objetivo de contornar fechamento.

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 Markus Söder
O governador Markus Söder, em frente à usina de Isar 2, que foi desativada no sábadoFoto: :Bayerische Staatskanzlei via SVEN SIMON/IMAGO

O governador da Baviera, Markus Söder, propôs neste domingo (16/04) que seu estado possa assumir o controle da usina nuclear Isar 2, que foi desconectada da rede no dia anterior, junto com outras duas usinas remanescentes.

Söder, um crítico ferrenho da decisão da Alemanha de abandonar a energia nuclear, disse ao jornal Bild am Sonntag que a mudança exigiria uma emenda à Lei de Energia Atômica para transferir o controle da energia nuclear do nível federal para o estadual.

"A Baviera está, portanto, exigindo que o governo federal dê aos estados a responsabilidade pela operação contínua da energia nuclear. A Baviera está pronta para assumir essa responsabilidade", disse Söder, que também é presidente da conservadora União Social Cristã (CSU), o braço bávaro da União Democrata-Cristã (CDU), no momento o maior partido de oposição da Alemanha.

"Somos pioneiros na pesquisa de fusão nuclear e estamos examinando a construção de nosso próprio reator de pesquisa, em cooperação com outros países", acrescentou Söder. "Não pode ser que um país de engenheiros como a Alemanha desista de qualquer pretensão de moldar o futuro e a competitividade internacional."

O governador da Baviera também disse que as usinas nucleares do país não são "museus", mas uma "parte indispensável de um suprimento de energia acessível".

Isar 2 era o segundo reator mais poderoso da usina nuclear Isar, que fica a cerca de 80 quilômetros a nordeste de Munique. O primeiro reator foi fechado em março de 2011.

Söder acusa verdes de "colocar em risco" a prosperidade da Alemanha

Na mesma entrevista, Söder também afirmou que "toda a Europa depende de energia nuclear que preserva o clima".

Ele também direcionou críticas ao Partido Verde, atualmente na coalizão que comanda o governo federal e que por décadas atuou para eliminar a energia nuclear na Alemanha. Söder acusou os verdes de "prejudicarem a proteção climática, a economia e de colocarem em risco nossa prosperidade".

O governador ainda disse que a coalizão federal está agindo de forma "extremamente ingênua e negligente" ao esperar que o próximo inverno seja tão ameno quanto o anterior.

Ele observou ainda Agência Federal de Redes, reguladora da energia do país, alertou sobre uma crise no fornecimento de energia no próximo inverno, apesar de o governo alemão ter garantido novos suprimentos de gás natural liquefeito (GNL) para compensar a falta de gás natural russo.

Reviravolta improvável

É improvável que o apelo de Söder seja atendido. A coalizão governamental da Alemanha - formada pelo Partido Verde, social-democratas e liberais - se comprometeu a acabar com a dependência do país da energia nuclear quando assumiu a chancelaria em dezembro de 2021.

O processo de eliminação da energia nuclear do país está em andamento há mais de uma década. A decisão de acabar com a energia nuclear na Alemanha foi selada após o desastre de 2011 em Fukushima pela então chanceler federal Angela Merkel, da CDU, justamente o partido-irmão da CSU de Söder. À época, Merkel também governava em coalizão com os liberais, que agora também se mostram contrariados com o abandono da energia nuclear.

A Alemanha desativou suas três usinas nucleares remanescentes - Isar 2 na Baviera; Emsland, na Baixa Saxônia; e Neckarwestheim 2, em Baden-Württemberg - na noite de sábado, em uma medida celebrada por ativistas ambientais, mas criticada por empresas e políticos conservadores.

O fechamento das usinas chegou a ser adiado de dezembro de 2022 para 15 de abril último devido à crise energética provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

Apesar da desativação, cerca de 450 funcionários de Isar 2 continuarão trabalhando até 2029, pois o local ainda precisa ser monitorado e controlado.

jps (AFP, dpa, EPD, Reuters)