HRE à deriva
5 de outubro de 2008Há exatamente uma semana, o setor financeiro alemão prometera ajuda no valor de 15 bilhões de euros para o Hypo Real Estate (HRE), abalado pela crise. Neste domingo, o crédito foi retirado sem qualquer aviso prévio, sendo até mesmo o Ministério das Finanças apanhado de surpresa. O Spiegel Online cita o porta-voz do órgão, segundo o qual se estaria agora diante de "um monte de ruínas".
Os bancos justificaram a marcha a ré com a alegação de que a lacuna real da instituição muniquense excede as estimativas iniciais. O pacote de emergência fechado há uma semana previa um crédito composto por 15 bilhões de euros do setor financeiro e 20 bilhões de euros do governo alemão. Com esta verba, estaria supostamente sanada a crise da instituição até meados de 2009. O crédito seria abonado por diversos fiadores, sendo o principal o próprio governo federal, com 26,5 bilhões de euros, arcando os bancos com 8,5 bilhões de euros.
Trinta e cinco ou 100 bilhões?
Segundo noticiou o jornal Welt am Sonntag, com base em fontes bancárias, uma investigação do Deutsche Bank haveria revelado ser insuficiente esta medida. Seriam antes necessários 50 bilhões de euros até o final deste ano ou mesmo, até o fim de 2009, entre 70 e 100 bilhões de euros.
O porta-voz do HRE não comentou a afirmativa. O grupo estuda no momento as conseqüências da crise para suas diferentes unidades e procura-se saídas alternativas, declarou. O governo de Dublin estaria examinando medidas para socorrer a subsidiária Depfa, sediada na Irlanda.
Os grandes acionistas também haveriam sinalizado a disposição de amparar a empresa. "Só podemos esperar que todos os envolvidos estejam conscientes da urgência e seriedade da situação". Um resgate sem participação dos bancos não será possível, apelou o porta-voz.
A crise do HRE se agrava, ao que tudo indica, também devido às constantes especulações quanto a seu futuro. O alastramento dos problemas de liquidez do Depfa certamente está relacionado a este fato, afirmou o porta-voz do grupo. "Está mais do que na hora de dar aos mercados segurança sobre o futuro da empresa. Quanto mais rápido e convincentemente alcançarmos isto, tão menor será a carência de liqüidez."
A parte e o todo
Por outro lado, observadores do setor não excluem a possibilidade de que, com este recuo, a indústria de finanças queira pressionar o governo para que este invista ainda mais no resgate do HRE. "Está na hora de Berlim reconhecer quão séria é a crise", escreve o Welt am Sonntag¸ citando o diretor de um banco. Segundo informações do meio das negociações, a meta inicial do setor financeiro era a estatização do HRE.
Representantes do governo federal, do Bundesbank e do Bankenaufsicht (órgão federal que fiscaliza as atividades bancárias no país) realizam um encontro de emergência, neste domingo em Berlim. Como primeiro resultado concreto, o governo alemão acenou com uma garantia estatal para as poupanças de todos os investidores particulares.
Berlim conclamou ainda todos os envolvidos, especialmente os bancos privados, a participarem do salvamento do HRE. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, assegurou: não se permitirá que o desequilíbrio de um instituto financeiro arraste o sistema como um todo. Para o mesmo dia está marcada uma segunda reunião de crise, com os bancos privados, visando encontrar uma saída ainda antes da abertura das bolsas de valores na Ásia, na segunda-feira.