Bancos europeus exigem reforma da UE antes da ampliação
25 de novembro de 2001A ampliação da União Européia, com o ingresso de países principalmente do Leste Europeu, exige profundas reformas, não apenas dos candidatos mas também dos 15 membros da UE. Essa foi a principal conclusão do Congresso Europeu de Bancos, realizado nesta sexta-feira, em Frankfurt, com a participação de inúmeros políticos e diretores de bancos privados e bancos centrais da Europa.
Para o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Wim Duisenberg, os mercados financeiros dos aspirantes ainda são muito incipientes, pelo que esses países não estão aptos a participarem da União Monetária Européia. O setor bancário fez enormes progressos nos últimos anos, com a privatização de bancos estatais e a participação de institutos de créditos estrangeiros, mas os mercados de capitais não acompanharam esses avanços.
Sistemas financeiros
– O pleno funcionamento dos sistemas financeiros no Leste Europeu é uma condição para a participação na União Monetária e para o êxito da política monetária. Os mercados de capital também são importantes como fonte de financiamento da iniciativa privada, para que se possa aproveitar todo o potencial de crescimento econômico.Para o comissário de Ampliação da União Européia, o alemão Günter Verheugen, apesar das dificuldades, não há alternativa à ampliação da comunidade, com a admissão de países do Leste Europeu. Os problemas atualmente em discussão, como o processo de decisões na UE, não seriam resultantes da atual ampliação, mas sim de rodadas anteriores que culminaram no ingresso de outros países.
Unanimidade x eficiência
– Para Verheugen, é de suma importância o fortalecimento do Parlamento Europeu, pois uma futura Comissão Européia, integrada talvez por 27 pessoas, dificilmente conseguirá trabalhar de forma eficiente. Os países pequenos são os que mais relutam em aceitar a possibilidade de não estarem representados com um voto no órgão executivo da União Européia.O presidente do Dresdner Bank, Bernd Fahrholz, considerou alarmante que o princípio da unanimidade ainda não tenha sido abolido em decisões políticas fundamentais na UE. Assim, nas questões decisivas sobre política estrutural e regional, os novos membros poderiam bloquear toda tentativa de redução do orçamento.
Fahrholz calcula que, sem uma adaptação dos mecanismos de financiamento, o orçamento da UE teria uma sobrecarga de 44 bilhões de euros (96,7 bilhões de reais). Para a Alemanha, como país que mais contribui para os cofres de Bruxelas, isso significaria dobrar sua cota para cerca de 20 bilhões de euros (44 bilhões de reais), o que dificilmente o contribuinte alemão entenderia.