Bancos alemães enfrentam a pior crise do pós-guerra
26 de julho de 2002A avaliação foi feita por Albrecht Schmidt, presidente do HypoVereinsbank, o segundo maior banco privado da Alemanha: "Estamos atravessando o pior ano de negócios desde o final da Segunda Guerra Mundial." A sua empresa apresentou um balancete deficitário no segundo trimestre do ano e não há perspectiva de uma recuperação imediata nos próximos meses. A conseqüência deverá ser o corte de empregos.
E não é melhor a situação do Deutsche Bank, do Dresdner Bank e do Commerzbank, cujos balancetes serão apresentados nas próximas semanas. "A tendência deverá ser a mesma", afirma Konrad Becker, analista bancário da consultoria Merck Finck. Ele aponta como único aspecto positivo a redução de custos, que deverá ser alcançada, porém, às custas de uma redução drástica de pessoal, já anunciada pelos bancos. Por outro lado, o setor enfrenta uma enorme queda das rendas obtidas, por exemplo, com os negócios no mercado de aplicações, além da necessidade de manutenção de maiores reservas de garantia para créditos de risco.
"O setor financeiro reflete tudo o que está acontecendo atualmente", afirma Albrecht Schmidt, o presidente do HypoVereinsbank, fazendo alusão aos problemas da conjuntura econômica. Por este motivo, a cotação das ações de casas bancárias afetadas estão também sob maciça pressão nas últimas semanas. As ações do HypoVereinsbank, por exemplo, chegaram a atingir o seu ponto mais baixo dos últimos dez anos, em meados desta semana, logrando uma ligeira recuperação posterior.
Recorde de falências
Este ano, os especialistas contam com um total de 40 mil falências na Alemanha. Por isto, o HypoVereinsbank aumentou as suas reservas de risco, no primeiro semestre do ano, de 803 milhões de euros para mais de 1,2 bilhão. "Do contrário, iria chover forte através do nosso telhado, que sempre foi muito bem cuidado", declarou Schmidt. Entre os bancos privados alemães, o HypoVereinsbank é o que tem o maior portfólio de créditos, ainda que as hipotecas imobiliárias constituam tradicionalmente a maior parte dos seus negócios.
Ainda assim, o HypoVereinsbank foi bastante afetado pelos processos de insolvência de grandes empresas alemãs, segundo avaliação do analista Konrad Becker. A casa bancária de Munique está, por exemplo, entre os credores do conglomerado de mídia KirchGruppe, da indústria aeronáutica Fairchild Dornier e da construtora Holzmann.
Já que não se vê perspectiva de recuperação conjuntural a curto prazo, não resta aos bancos outra opção que adotar medidas drásticas de redução dos custos. Segundo Albrecht Schmidt, o HypoVereinsbank poderá cortar ainda mais empregos. Até agora, a crise já custou o emprego a 9.100 funcionários do banco.
Dresdner Bank sob pressão
Também o conglomerado Allianz pretende forçar ainda mais o corte de custos no Dresdner Bank, adquirido há cerca de um ano. Os negócios da subsidiária de investimentos Dresdner Kleinwort Wasserstein (DKW) estão sob atenta vigilância da holding, segundo o chefe da Allianz, Henning Schulte-Noelle. Caso necessário, serão tomadas medidas imediatas para reduzir os custos operacionais da DKW, que está diretamente ligada ao Dresdner Bank e emprega mais de 6.000 funcionários.
Na imprensa especializada alemã circulam informações não confirmadas sobre um prejuízo trimestral de mais de 400 milhões de euros no departamento Corporates & Markets do Dresdner Bank. Este departamento engloba principalmente a financeira DKW e os negócios com empresas. Ao que tudo indica, o próximo balancete do Dresdner Bank também não será nenhuma alegria para seus acionistas, a exemplo do que ocorreu agora com o HypoVereinsbank.