1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Banco Central eleva taxa Selic para 12,75% ao ano

5 de maio de 2022

Taxa de juros básica está em seu nível mais alto desde fevereiro de 2017. Copom cita guerra na Ucrânia e nova onda de covid como pressões externas sobre a inflação. EUA e Índia também aumentaram suas taxas nesta quarta.

https://p.dw.com/p/4Aq11
Homem passa por fachada do prédio do Banco Central
Copom informou que a alta era necessária devido ao "ambiente externo que seguiu se deteriorando" Foto: Pedro Ladeira/AFP

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (04/05) elevar a taxa Selic de 11,75% para 12,75% ao ano, alta de 1 ponto percentual.

É a décima reunião seguida do Copom em que é decidido aumentar a Selic. A taxa de juros básica da economia está no seu nível mais alto desde fevereiro de 2017.

A alta de 1 ponto percentual era esperada por operadores do mercado financeiro, e o próprio Copom havia indicado, na sua última reunião, em março, que manteria o ciclo de alta neste mês.

Em um comunicado, o Copom informou que a alta era necessária devido ao "ambiente externo que seguiu se deteriorando", citando a guerra na Ucrânia, que coloca pressão sobre o preço de alimentos e combustíveis, e a onda de covid-19 na China, que afeta as cadeias de suprimentos.

O comitê disse que deve manter o ciclo de aperto monetário na próxima reunião, mas indicou que a próxima alta da Selic deve ser menos intensa. O mercado financeiro estima uma alta de 0,5 ponto percentual em junho.

O Brasil está em um ciclo de aumentos da taxa Selic há um ano, desde maio de 2021, quando a taxa estava em 2%, o seu menor valor histórico, então para estimular a economia em meio à pandemia de covid-19. Quando Jair Bolsonaro tomou posse como presidente, a Selic era de 6,5%.

O atual ciclo de alta da Selic é o maior desde 1999, quando o Banco Central aumentou a taxa em 20 pontos percentuais durante a crise cambial.

Inflação alta

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, pois juros maiores encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. E o Brasil no momento enfrenta alta inflação, provocada especialmente pelo aumento dos preços dos combustíveis, transportes e alimentos.

No comunicado desta quarta-feira, o Copom disse que a inflação "continuou surpreendendo negativamente".

Em março, a inflação mensal medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada em abril, registrou alta de 1,62%, a maior variação mensal para o mês de março desde a adoção do Plano Real, em 1994, há 28 anos. Foi também a maior inflação mensal desde janeiro 2003.

Homem em frente a uma barraca de bananas
Inflação de março, divulgada em abril, foi a maior variação mensal para o mês desde a adoção do Plano Real, em 1994Foto: Nelson Almeida/AFP/Getty Images

A meta de inflação anual para o Brasil para 2022 é de 3,5%, e considerada cumprida se oscilar de 2% a 5% – mas operadores do mercado financeiro e o próprio Banco Central estimam que os preços subam cerca de 8% neste ano.

Deverá ser o segundo ano seguido de estouro da meta. A inflação oficial de 2021 foi de 10,06%, a maior em seis anos e muito acima do teto da meta para o ano passado, de 5,25%.

O aumento da Selic também amplia o gasto do governo com o pagamentos de juros da dívida pública.

Outros países também aumentam taxas

Nesta quarta-feira, o Fed (Banco Central dos EUA) também decidiu aumentar a taxa básica de juros do país em 0,5 ponto percentual, para uma faixa de 0,75% a 1%. É o maior aumento desde 2000 e constitui uma tentativa para combater a alta nos preços.

A inflação nos EUA está aumentando em um ritmo que não era registrado há 40 anos, e mais altas da taxa básica de juros são esperadas nos próximos meses.

Bancos centrais de vários países estão aumentando os custos dos empréstimos em um esforço para amortecer o impacto da inflação. Mas também há preocupações de que tais iniciativas possam dificultar o crescimento econômico e até mesmo empurrar grandes economias para a recessão.

Outro país que aumentou sua taxa de juros nesta quarta-feira foi a Índia. O Banco Central do país elevou a taxa em 40 pontos base, para 4,40%, com efeito imediato. "Como várias tempestades caíram juntas, nossas ações de hoje são passos importantes para estabilizar o navio", disse o diretor do Banco Central da Índia, Shaktikanta Das. "As pressões inflacionárias mais alarmantes, persistentes e disseminadas estão se tornando mais agudas a cada dia que passa."

Ele observou que a escassez de óleos comestíveis devido ao conflito na Ucrânia estava fazendo com que os preços dos alimentos na Índia subissem rapidamente. A Índia é o maior importador mundial de óleos comestíveis, incluindo óleo de palma e de soja.

Na terça-feira, o Banco Central da Austrália anunciou um aumento maior do que o esperado de 25 pontos base, elevando a taxa de juros básica para 0,35%, no primeiro aumento em mais de uma década. O Banco da Inglaterra também deve aumentar nesta quinta-feira a taxa de juros básica do Reino Unido pela quarta vez consecutiva, de 0,75% para 1%.

O Banco Central Europeu, por sua vez, tem resistido até agora a tal movimento. O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse em uma entrevista publicada no fim de semana que o Conselho do Banco Central Europeu não havia discutido "nenhum caminho predeterminado para o aumento das taxas".

bl (ots)