Banco Central dos EUA aumenta taxa de juros pela quarta vez
28 de julho de 2022O Banco Central Americano (Fed) anunciou nesta quarta-feira (27/07) a quarta alta consecutiva da sua taxa básica de juros, em 0,75 ponto percentual, na tentativa de conter a maior inflação dos EUA em 40 anos.
Há dois anos, para enfrentar a pandemia de covid-19, o Fed praticamente zerou suas taxas para incentivar o consumo e o investimento. Agora, o objetivo é o oposto: esfriar um pouco a economia para mitigar as pressões inflacionárias.
"A inflação continua elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de alimentos e energia e pressões de preços mais amplas", disse o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ao elevar a taxa referencial a um intervalo entre 2,25% e 2,50%, em decisão unânime dos 12 membros com direito a voto. Foi a primeira vez desde 2013 que todos os membros do órgão estiveram reunidos.
O Fomc acrescentou que segue "altamente atento" aos riscos de inflação. Mas, embora a geração de empregos tenha permanecido "robusta", as autoridades observaram no novo comunicado de política monetária que "os indicadores recentes de gastos e produção abrandaram", um aceno para o fato de que o ciclo agressivo de aumentos dos juros que têm colocado em prática desde março está começando a pesar.
Depois de uma alta de 0,75 ponto percentual no mês passado e movimentos menores em maio e março, o Fed elevou a taxa básica em um total de 2,25 pontos neste ano.
A taxa de juros está agora no nível que a maioria das autoridades considera ter um impacto econômico neutro, marcando o fim dos esforços da era da pandemia para incentivar os gastos das famílias e das empresas.
O comunicado deu pouca orientação explícita sobre quais passos o Fed pode tomar em seguida, decisão que dependerá dos próximos números econômicos mostrarem ou não que a inflação começou a desacelerar.
Com os dados mais recentes mostrando que os preços ao consumidor subiram a uma taxa anual de mais de 9%, investidores esperam que o banco central dos EUA eleve a taxa básica de juros em pelo menos 0,50 ponto percentual em sua reunião de setembro.
"Aterrissagem suave"
O presidente do Fed, Jerome Powell, e outros funcionários da instituição deixaram claro que estão dispostos a arriscar uma recessão e continuarão a aumentar as taxas de juros até verem evidências de que a inflação está convergindo para a meta de 2% ao ano, uma faixa considerada saudável para a economia.
Economistas dizem que este tem sido o ciclo de aperto mais agressivo do Fed desde a década de 1980, quando a estagflação - a estagnação da economia com inflação de preços e salários em alta - prejudicou a economia dos EUA.
O desafio do Fed é conter a inflação antes que ela siga por um caminho perigoso. Embora os preços dos imóveis tenham atingido novos recordes, há sinais de que a taxa de aumento começou a moderar.
Os preços mundiais do petróleo também estão em moderação. E o preço da gasolina nas bombas americanas caiu 69 centavos de um recorde de pouco mais de 5 dólares o galão (3,78 litros) em meados de junho.
Enquanto isso, o mercado de trabalho continua forte, a demanda do consumidor não caiu acentuadamente e as pesquisas mostram que as expectativas de inflação para os próximos meses começaram a cair.
Os formuladores de política monetária querem uma "aterrissagem suave" que reduza a inflação sem desencadear uma recessão, mas os economistas alertam que o caminho para alcançá-lo está se estreitando e que seria fácil exagerar se os ajustes das taxas de juros fossem muito agressivos.
O Fed busca um equilíbrio delicado na tentativa de conter a inflação e, ao mesmo tempo, não empurrar a maior economia do mundo para a recessão.
Para Powell, a economia americana pode evitar esse cenário recessivo, moderando a inflação e "mantendo um mercado de trabalho sólido".
Na semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) aumentou a taxa básica de juros pela primeira vez em 11 anos, elevando o patamar em meio ponto percentual, de -0,5% para 0%. Desde meados de junho de 2014, a taxa estava em patamar negativo.
le/lf (Reuters, EFE)