Ação internacional desbarata redes de pedofilia
26 de setembro de 2003A operação internacional, batizada com o nome de "Marcy", foi a mais abrangente que já se realizou até hoje, contando com a participação ativa dos Estados Unidos e da Austrália, entre outros países. Em todo o mundo, as autoridades registraram mais de 182 mil páginas de pornografia infantil na internet, nas suas investigações mais recentes. Um volume de material que torna impossível um controle amplo e permanente.
Na Alemanha, a metade dos 530 suspeitos de propriedade e de divulgação de material relacionado à pedofilia assinou confissão de culpa no fim da ação policial. Em todos os estados alemães foram promovidas buscas nas casas e escritórios das pessoas suspeitas, sendo apreendidos 745 microcomputadores, cerca de 35.500 CDs, 8.300 disquetes, assim como 5.800 videocassetes. Para isto, foram mobilizados 1.500 policiais em todo o país.
Denúncia inicial na Alemanha
A ação policial em todo o mundo foi desencadeada por uma denúncia da Federação Alemã da Internet. Em maio de 2002, a entidade apresentou queixa às autoridades do Estado da Saxônia-Anhalt, visando a abertura de inquérito policial contra um certo Marcel K., de Magdeburg, fundador de uma rede de pornografia infantil. Um mês após a denúncia, dois imóveis de propriedade do suspeito, em Magdeburg e Schartau, foram vasculhados pela polícia, que apreendeu um amplo sistema de computadores e grande número de CD-ROM.
Através de uma sentença do tribunal de Halle-Saalkreis, um provedor internacional foi obrigado a fornecer os protocolos de conexão das pessoas e serviços de internet envolvidos com a rede de pedofilia criada por Marcel K. Os dados foram recebidos pelas autoridades de Magdeburg em 17 de outubro do ano passado: 26.500 fotos, 38 mil endereços de e-mail e um protocolo com o volume de 12 GB e 14 milhões de registros.
Os contatos comprovados estendiam-se a um total de 166 países, o que possibilitou a mais ampla ação policial já realizada até hoje, de maneira coordenada, em todo o mundo. Segundo informações divulgadas pela imprensa alemã, o provedor internacional que forneceu os dados exigidos pela Justiça da Saxônia-Anhalt teria sido a empresa americana Microsoft.
Todas as camadas sociais
Segundo o secretário da Justiça do Estado da Saxônia-Anhalt, Curt Becker, os suspeitos são provenientes de todas as camadas sociais e profissões, incluindo professores secundários, treinadores de clubes esportivos e até mesmo um sacerdote. Os envolvidos serão processados pela organização ou participação em redes criminosas de divulgação de material de pornografia infantil. No caso de condenação as penas poderão variar entre seis meses e dez anos de prisão.
Para Curt Becker, "cada clique mata a alma de uma criança". O secretário da Justiça pronunciou-se a favor de sentenças mais severas contra os divulgadores e consumidores de pornografia infantil. Segundo ele, as vítimas de abusos são cada vez mais jovens e as práticas, cada vez mais violentas. De acordo com seu colega de gabinete, o secretário do Interior Klaus Jeziorsky, o mercado da pornografia infantil está em franco crescimento na internet, apesar dos êxitos logrados pelas autoridades: "São faturadas somas milionárias com o comércio do material proibido e as esperadas vantagens financeiras fazem com que todos os receios de punição sejam ignorados."