1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
Leis e JustiçaAustrália

Australiano é acusado de mais de 1.600 crimes sexuais

1 de agosto de 2023

Ex-funcionário de creches enfrenta centenas de acusações de estupro e de produzir material de pornografia infantil. Ele teria documentado tudo em mais de 4 mil fotos e vídeos. Polícia descreve o caso como "horripilante".

https://p.dw.com/p/4UeQ6
Três policiais australianos conversam em torno de um cordão de isolamento
Policiais australianos descreveram o caso como "além dos limites da imaginação de qualquer pessoa"Foto: DAN HIMBRECHTS/AAP/IMAGO

Um australiano que trabalhou como funcionário de ao menos dez creches soma 1.623 acusações de crimes sexuais contra menores, em um caso descrito por policiais experientes como um dos mais "horripilantes" do país e "além dos limites da imaginação de qualquer pessoa".

Nesta terça-feira (01/08), ele foi acusado de abusar sexualmente de 91 jovens durante mais de 15 anos e de ter documentado seus crimes em milhares de fotografias e vídeos.

"Sei que isso vai parecer intangível, e que haverá muitas questões", afirmou a comissária-assistente da Polícia Federal Australiana, Justine Gough. "Não há muito consolo que eu possa dar aos pais e às crianças que foram identificadas."

Entre as acusações estão 136 casos de estupro, 110 de relação sexual com menores de dez anos – uma acusação aplicada em algumas jurisdições australianas ao invés de estupro – e 613 de produzir material de pornografia infantil.

A polícia afirma que os abusos ocorreram em 10 creches diferentes entre 2007 e 2022. As vítimas eram exclusivamente meninas, algumas de apenas um ano de idade.

Os crimes teriam sido cometidos nas cidades de Brisbane entre 2007 e 2013 e 2018 a 2022, em Sidney entre 2014 e 2017, além de um breve período em que ele trabalhou fora do país, entre 2013 e 2014.

Vasto material pornográfico

Os investigadores vasculharam centenas de imagens para identificar 87 das 91 vítimas, que são dos estados de Nova Gales do Sul e Queensland. As quatro crianças que não puderam ser identificadas foram vitimadas no período em ele estava no exterior.

A polícia australiana trabalha com agências internacionais para encontrar essas vítimas, mas não informou o país de origem dessas crianças.

O homem de 45 anos era procurado pela Justiça desde a descoberta de material pornográfico compartilhado na dark web em 2014. Depois de anos de esforços infrutíferos, os investigadores obtiveram avanços em agosto do ano passado ao cruzar objetos no segundo plano de algumas imagens com os de uma creche em Brisbane.

Embora o homem tenha sido implicado em apenas três acusações criminais, a gravidade dos crimes aumentava à medida em que a polícia vasculhava seu telefone, computador e disco rígido. "Isso é algo horripilante e chocante para os país", disse Gough.

A polícia acredita que o suspeito filmou ou fotografou todos os supostos crimes e catalogou mais de 4 mil fotos e vídeos dos abusos. Em razão do enorme volume de material que precisava ser documentado, foi criada uma força-tarefa de cerca de 35 policiais para trabalhar nas investigações.

Policiais "em choque"

"É além dos limites da imaginação de qualquer um o que essa pessoa fez com essas crianças", observou o comissário-assistente de polícia do estado de Nova Gales do Sul Michel Fitzgerald. "Posso apenas dizer que tentamos não entrar em choque após um longo período de tempo na polícia, mas esse é um caso terrível." 

O suspeito chegou a ser aprovado em todas as rigorosas verificações de antecedentes pelas quais os funcionários das creches têm de passar para conseguir trabalhar em Nova Gales do Sul e Queensland. Ele trabalhou em outros estados, mas a polícia disse ter um alto grau de confiança de que ele não praticou esses crimes em outras regiões do país.

O acusado, cujo nome não foi divulgado pela polícia, será levado para um tribunal no dia 21 de agosto em Queensland, onde ocorreram a maioria dos casos. Após o fim dos procedimentos, ele será extraditado para Nova Gales do Sul, onde enfrentará novas acusações de abusos contra 23 vítimas.

rc/le (AFP, DPA)