Aumenta onda de demissões na Alemanha
4 de novembro de 2005A onda de demissões na indústria e no setor de serviços na Alemanha, iniciada há cerca de um ano, parece não ter fim. Nesta sexta-feira (04/11), os 19 mil funcionários da Ford em Colônia foram confrontados com um programa de cortes de mil vagas até o fim deste ano.
Também a DaimlerChrysler e a Volkswagen estão enxugando seus quadros de pessoal, com a meta de reduzir os custos de produção na Alemanha. Ao mesmo tempo em que esperam vendas recordes no exterior, as montadoras reclamam da estagnação no mercado interno e das incertezas quanto à formação do futuro governo alemão.
Já a Deutsche Telekom gerou protestos na quarta-feira (02/11), ao anunciar a eliminação de 32 mil postos de trabalho nos próximos três anos. "Somente se cortarmos empregos em massa, poderemos assegurar nossa posição no mercado", justificou o presidente da empresa, Kai Uwe Ricke. Ele disse que a redução de pessoal vai custar cerca de 3,3 bilhões de euros.
Para o sindicalista, Franz Treml, membro da diretoria do Sindicato do Setor de Serviços (Verdi) e do conselho fiscal da Telekom, os cortes anunciados por Ricke "são um horror". Em compensação, Ricke deve alegrar o mercado financeiro, na próxima semana, com lucros estimados em 2,1 bilhões de euros no terceiro trimestre de 2005.
Leia a seguir: os maiores cortes de pessoal na Alemanha desde 2004
Os maiores cortes de empregos desde 2004
Junho de 2004: O correio alemão (Deutsche Post) faz uma reestruturação e funde subsidiárias no país, atingindo quatro mil funcionários, em parte remanejados para outros setores do grupo. Cerca de 1,6 mil postos de trabalho são eliminados.
Dezembro de 2004: A canadense Bombardier, fabricante de trens e aviões, anuncia o corte de mais 850 vagas nas fábricas alemãs. No início do ano, a empresa já eliminara 1,5 mil empregos.
O saneamento da General Motors, maior montadora do mundo, inclui a redução de 9,5 mil funcionários da subsidiária alemã Opel até 2006. Deste total, 6,5 mil serão transferidos para uma "sociedade de criação de empregos"; cerca de três mil passam a ter jornada parcial em função da idade ou trocam de setor na empresa.
Fevereiro de 2005: O Deutsche Bank anuncia lucros de 2,55 bilhões de euros para o exercício de 2004 − o maior do banco alemão em quatro anos − e o corte de mais 3,3 mil empregos no exterior. Somados aos cortes feitos na Alemanha, desaparecem 6,4 mil postos de trabalho.
Junho de 2005: A maior fusão de bancos da Europa, entre o UniCredit italiano e o Hypovereinsbank alemão, ameaça 9,2 mil postos de trabalho, dos quais 1,8 mil na Alemanha. Incluindo o programa de contenção de custos, anunciado no começo de 2005 pelo Hypovereinsbank, cerca de quatro mil alemães devem perder o emprego.
As gigantes norte-americanas IBM e Hewlett-Packard anunciam o corte de 14,5 mil empregos. Ainda não está claro até que ponto a Alemanha será atingida.
Setembro de 2005: No dia 19, um dia após as eleições parlamentares alemãs, a Siemens anuncia cortes ou transferência para o exterior de mais de 10 mil empregos, 4,2 mil só na subsidiária de prestação de serviços SBS.
A DaimlerChrysler quer cortar 8,5 mil dos 93 mil funcionários da Mercedes Car Group na Alemanha, atingindo principalmente a matriz em Sindelfingen, no Estado de Baden-Württemberg. Na fábrica de motores de Stuttgart-Untertürkheim haverá uma redução de 1,1 mil dos 20 mil operários. A DaimlerChrysler tenta fazer os cortes sem demissões, mas oferece gordas indenizações para quem pede a conta até 2011.
Outubro de 2005: A fabricante de chips Infineon e o Sindicato dos Metalúrgicos (IG Metall) fecham um acordo com cláusulas sociais sobre o fechamento de uma fábrica em Munique. O acerto inclui indenizações acima do previsto no contrato de trabalho para 720 dos 800 demitidos e a fundação de uma "sociedade para geração de empregos", co-financiada pela empresa.
Novembro de 2005: A Deutsche Telekom lança um plano de demissão de 32 mil funcionários nos próximos três anos, sobretudo na área de telefonia fixa. A companhia telefônica, porém, descarta demissões em massa por motivos operacionais.
A Volkswagen anuncia que o programa de redução de custos ForMotion já contribuiu com 2,6 bilhões de euros na melhoria do balanço do terceiro trimestre, mas não cita números sobre a eliminação de postos de trabalho. Especialistas do setor automobilístico calculam que 10 mil dos 100 mil funcionários das fábricas da montadora no oeste alemão perderão seus empregos nos próximos anos.
A Ford planeja reduzir o número de funcionários da fábrica de Colônia de 19 para 18 mil. Nos últimos três anos, a montadora eliminou 1,3 mil postos de trabalho na Alemanha, sobretudo pelo corte de vagas abertas por aposentadoria. Mundialmente, a Ford planeja o corte de 10 mil empregos, 2,6 mil na Europa.