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Aulas de budismo em escolas de Berlim

ef29 de dezembro de 2003

Além de catolicismo e luteranismo, judaísmo e islã, escolas de Berlim começaram a oferecer também aulas de budismo. Líder máximo dos budistas do Tibete, Dalai Lama vê com ceticismo crescente conversão de europeus.

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Noack prepara aula de budismo com velas e estátuas de BudaFoto: dpa

Aulas sobre as religiões católica e luterana são disciplinas regulares nas escolas alemãs, sendo oferecidas como alternativas aulas de filosofia ou de ética. Na capital Berlim é diferente: lá as escolas públicas colocam suas salas à disposição das comunidades religiosas e estas aplicam os seus próprios currículos religiosos. É esta regra especial que possibilita aulas de judaísmo e islã, paralelamente às de catolicismo e luteranismo. No atual ano letivo surgiu uma grande novidade: as aulas de budismo.

Budismo não é matéria obrigatória, nem os alunos recebem notas. Mas vez por outra as crianças fazem um teste. A maior parte das que se matriculam para esta matéria alternativa tem pais budistas. Outras já passaram férias ou viveram temporariamente na Ásia.

Em Berlim está o templo budista mais antigo da Europa Ocidental. Na Alemanha vivem mais de 220 mil budistas, sendo dez mil na capital. A metade de todos eles são provenientes da Ásia.

Começando pela meditação

- O budismo é ministrado só na parte da tarde, quando aulas na Alemanha são uma exceção. No momento em que a maioria das crianças está a caminho de casa, começam os preparativos para a meditação, que abrem as duas horas de aula de budismo. Os alunos matriculados para esta matéria opcional têm de 10 a 12 anos.

A professora Renate Noack explica que ensina o budismo em geral e não só uma determinada corrente budista, como a Terevada ou a Mahayana: "O budismo tem muitas subdivisões e nós tentamos mostrar aos alunos uma visão geral. Quem quiser conhecer ou praticar uma determinada corrente, pode se aprofundar pessoalmente". Um terço dos seus alunos tem pais budistas.

Trevada, a Escola dos Anciãos, é também conhecida como Hinayana ou Pequeno Veículo, uma corrente majoritária no Sudeste da Ásia. Mahayana significa Grande Veículo e é o oposto de Hinayana, que quer dizer Pequeno Veículo. Este é um termo pejorativo usado pelos budistas Mahayana para expressar desprezo pela escola Terevada e as que se derivam dela.

Jade esclarece que vai uma vez por ano à Tailândia, que é budista e que ela e sua mãe esperaram durante muito tempo pelas aulas de budismo. Outra aluna, Mimi, de 12 anos, diz que gosta de meditar. Ela explica que primeiramente cruza as mãos sobre o busto, tenta então concentrar-se só na sua própria respiração e não pensar em nada, o que é a meta da meditação. Deve-se também permanecer desperta e ter pensamentos claros, mas ela confessa que muitas vezes isto é muito difícil, embora exercite a meditação com freqüência. Ela vai todos os sábados ao templo budista com a mãe.

Visão crítica do Dalai Lama

- A professora Noack, que também dá aula de filosofia e alemão em um ginásio, era luterana, tendo se convertido ao budismo no início dos anos 80. Como muitos alemães, ela diz ter descoberto a sabedoria de Buda para si. O Dalai Lama, todavia, vê de maneira crítica a crescente afluência de europeus ocidentais à religião budista. Em sua visita a Berlim em outubro de 2003, o líder supremo dos budistas do Tibete disse que seria melhor e mais seguro se os europeus ocidentais preservassem a sua própria tradição.

Noack observa que o Dalai Lama também diz que cada um deveria ancorar-se em sua própria cultura, mas afirma igualmente que as diferentes culturas podem aprender uma com a outra.