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Atrás nas pesquisas, Trump levanta bandeira da fraude

24 de agosto de 2020

Com reeleição ameaçada, presidente usa uma convenção republicana esvaziada para denunciar, sem evidências, possível fraude em votação pelo correio em novembro. Especialistas apontam que risco é mínimo.

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"Único modo pelo qual poderão conseguir tirar essa eleição de nós será pela fraude", diz presidente Donald Trump
"Único modo pelo qual poderão conseguir tirar essa eleição de nós será pela fraude", diz presidente Donald Trump Foto: Getty Images/AFP/C. Carlson

Atrás nas pesquisas e com a reeleição ameaçada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aproveitou a confirmação de sua candidatura pelo Partido Republicano na noite desta terça-feira (24/08) para voltar a levantar a bandeira da fraude nas eleições, denúncia que já havia feito na campanha de quatro anos atrás e que não tem nenhuma evidência.

Trump teve seu nome aprovado por unanimidade na convenção republicana em Charlotte, na Carolina do Norte, onde apareceu de surpresa e discursou para os cerca de 300 delegados do partido presentes. O evento teve participação presencial reduzida em razão da pandemia de covid-19. No total, 2.550 delegados tomaram parte na votação.

"Sejamos muito cuidadosos. Esta é a eleição mais importante da história do país. Não deixem que eles tirem isso de vocês", afirmou. Ele criticou especificamente a possibilidade de alguns estados adotarem uma votação 100% pelo correio em razão da pandemia, processo que, segundo denuncia, seria vulnerável.

A afirmação, porém, não tem evidências. O voto pelo correio já existia na maioria dos estados nos EUA, como uma alternativa para eleitores que não pudessem comparecer às urnas, sem nenhum histórico relevante de fraude.

Especialistas independentes em segurança eleitoral afirmam que fraude é bastante rara num pleito no país. Segundo um estudo de 2017 do instituto Brennan Center for Justice, o risco de fraude com cédulas eleitorais nos EUA está apenas entre 0,00004% e 0,0009%.

Nestas eleições, apenas nove estados americanos planejam uma votação totalmente pelo correio. Cinco deles já tinham o processo como alternativa amplamente usada pelos eleitores antes mesmo de começarem as preocupações com a votação presencial devido à pandemia.

Ataques a governadores

Na convenção, Trump também aproveitou para atacar as respostas dos estados americanos à pandemia como partidárias e danosas para a economia. Ele descreveu as medidas de isolamento recomendadas por autoridades de saúde pública, unanimemente aceitas no mundo científico como a melhor forma de conter o coronavírus, como meras tentativas de influenciar a votação em novembro.

Ele atacou o governador democrata da Carolina do Norte, Roy Cooper, pelas restrições impostas no estado para conter o coronavírus e disse que elas eram voltadas apenas para prejudicar sua campanha. Os EUA são o país mais afetado pela pandemia em todo o mundo, com mais de 5,7 milhões de casos e 177 mil mortes.

A convenção é um momento crucial da campanha de Trump, que vem sofrendo abalos nas pesquisas de opinião nacionais e estaduais. Segundo um levantamento realizado pela agência de notícias Associated Press em parceria com o centro de pesquisas Norc, apenas 23% dos americanos avaliam que o país caminha no rumo certo, enquanto 75% têm opinião contrária.

O evento republicano demonstrou fortes contrastes com a convenção democrata da semana passada, realizada de modo virtual e que confirmou o ex-vice-presidente Joe Biden como candidato  ao pleito de novembro. Os democratas usaram chamadas de vídeo de personalidades em várias partes do país, enquanto os depoimentos dos republicanos foram feitos a partir de um centro de convenções bastante esvaziado.

Outra diferença para o evento democrata: a convenção republicana contou com a participação dos três ex-presidentes democratas ainda vivos e com antigos candidatos, enquanto a republicana não tem na agenda discursos de políticos do mesmo escalão.

Nem o ex-presidente George W. Bush, nem o candidato de 2012 Mitt Romney planejam falar a favor de Trump. Também estarão ausentes vários partidários do presidente que enfrentarão eleições disputadas em novembro.

A primeira-dama Melania Trump fará seu pronunciamento na convenção na próxima terça-feira, a partir da Casa Branca. Na quarta-feira, o vice-presidente Mike Pence aparecerá em mensagem de vídeo de Fort McHenry, em Baltimore, e Trump fará seu discurso de aceitação da indicação do partido na quinta-feira.

RC/efe/ap

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