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Ato em Berlim marca um ano da morte de Marielle

14 de março de 2019

Manifestantes saem às ruas da capital alemã para pedir respostas sobre mandante da execução da vereadora carioca. Grupo critica apoio de empresas alemãs a Bolsonaro e defende fim da exportação de armas para o Brasil.

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Manifestantes seguram cartaz com as palavras "Marielle presente" em Berlim
Mais de cem pessoas participaram do protesto em Berlim, segundo a políciaFoto: DW/C. Neher

Apesar do frio, da chuva e de uma greve de motoristas de ônibus que paralisou parte do transporte público berlinense, mais de cem pessoas participaram nesta quinta-feira (14/03) de um protesto em Berlim que marcou o aniversário de um ano do assassinato de Marielle Franco. A vereadora carioca e o motorista que a conduzia, Anderson Gomes, foram executados na noite de 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro.

"Estamos aqui para falar que não nos esquecemos da morte de Marielle e para não deixar passar essa data sem reconhecimento. Estamos cobrando também a resposta para a pergunta: quem mandou matar Marielle Franco?", afirmou a ativista brasileira Camila de Abreu, uma das organizadoras do ato.

Nesta semana, às vésperas de o assassinato completar um ano, a polícia do Rio de Janeiro prendeu um policial reformado e um ex-policial militar suspeitos de matar a vereadora. Os investigadores ainda não revelaram, no entanto, quem foi o mandante da execução.

O protesto começou em frente ao prédio que abriga as sedes da Federação das Indústrias da Alemanha (BDI) e da Confederação Alemã das Câmaras de Comércio e Indústria (DIHK). A escolha do local não foi por acaso. A arma que matou Marielle e Anderson era da fabricante alemã Heckler & Koch.

"Queremos o fim da exportação de armas para o Brasil e especialmente para a polícia militar", destacou o jornalista e ativista alemão Christian Russau, que também organizou o evento.

Além de lembrar Marielle, os manifestantes protestaram contra o apoio de empresas alemãs ao presidente Jair Bolsonaro e contra discursos de ódio e políticas do governo brasileiro que colocariam em risco minorias – como indígenas, negros e LGTBs – e movimentos sociais.

"Cinquenta anos depois de a Volkswagen apoiar a ditadura militar no Brasil, parece que a indústria alemã está cometendo os mesmos erros ao apoiar explicitamente o governo Bolsonaro, que possuiu uma política e uma linguagem muito agressivas e antidemocráticas", destacou Russau, que é autor de um livro sobre escândalos envolvendo a atuação de empresas alemãs no Brasil.

Organizado por diversas entidades da sociedade civil, o protesto reuniu não somente brasileiros, mas também alemães e latino-americanos. Representantes do partido alemão A Esquerda marcaram presença no ato.

Manifestantes com cartazes em protesto em Berlim um ano após a morte de Marielle Franco
Manifestantes cobraram posicionamento do governo alemão e lembraram causas pela quais Marielle lutavaFoto: DW/C. Neher

"A memória da Marielle e tudo o que ela representa, como mulher, negra, da favela, jamais poderá ser esquecida. A semente que foi plantada pelo seu assassinato brutal jamais poderá ser enterrada. Precisamos multiplicar o que ela se propôs a fazer. Por isso, é importante estar aqui debaixo de chuva, falando para todo mundo ouvir", destacou o brasileiro Pedro Oliveira, que mora em Berlim e participou do ato.

Eleita em 2016, Marielle era vereadora do Rio de Janeiro e ativista de direitos humanos. Além de defender causas ligadas aos direitos das mulheres e à inclusão social, ela criticava também a violência policial e das milícias nas favelas.

Para a brasileira Junia Monteiro, protestos como o realizado em Berlim nesta sexta são importantes para evitar o esquecimento e cobrar respostas sobre a motivação e os mandantes da execução de Marielle e Anderson.

Do ponto inicial do ato, o grupo caminhou, sob chuva, cerca de 800 metros até a embaixada do Brasil em Berlim. Durante a marcha, os manifestantes entoaram em diversos momentos: "Marielle presente", "Anderson presente", "Fora Bolsonaro " e "Quem mantou matar Marielle?".

Munidos de cartazes em homenagem à ativista e cobrando uma posição do governo alemão, os manifestantes cantaram ainda, em ritmo de marchinhas de Carnaval: "Doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano", em referência à relação amistosa da família do presidente com grupos criminosos formados por policiais e militares .

"Hoje é um dia importante para mostrar que a morte de Marielle ainda está presente. Precisamos ainda mostrar para o governo alemão que não há como cooperar com um governo fascista", destaca a teuto-brasileira Clara Ramos da Silva Stiefel, que participou do ato.

Alguns manifestantes deixaram flores em homenagem à Marielle diante da embaixada do Brasil. Na última sexta-feira, a vereadora foi lembrada na tradicional passeata do Dia da Mulher em Berlim.  

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