Ativistas do clima borrifam tinta no Portão de Brandemburgo
17 de setembro de 2023Ativistas ambientais borrifaram neste domingo (17/09) tinta laranja e amarela nas colunas do Portão de Brandemburgo, um dos principais monumentos de Berlim. Ao menos 14 pessoas foram detidas pela polícia alemã, por suspeita de danos ao patrimônio.
A ação foi executada pelo grupo Die Letzte Generation (A Última Geração), conhecido por protestos midiáticos e que cobra que o governo alemão tome medidas mais drásticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, incluindo o fim do uso de todos os combustíveis fósseis até 2030 e a imposição de um limite geral de velocidade nas autoestradas.
No protesto no Portão de Brandemburgo, o grupo afirmou que foram usados extintores de incêndio para borrifar a tinta nas colunas do monumento, completado em 1791.
O grupo pretendia executar uma ação ainda maior, mas a polícia afirmou que conseguiu impedir que manifestantes subissem no monumento.
Os membros do Letzte Generation também convocaram mais protestos na capital alemã.
“Não vamos parar nossos protestos”, declarou o grupo após a ação deste domingo. “Temos que abandonar o petróleo, o gás natural e o carvão até 2030, o mais tardar”.
O governo alemão tem como meta implementar até 2045 uma política econômica e social com impacto neutro no clima;
O prefeito de Berlim, o democrata-cristão Kai Wegner, condenou o protesto deste domingo. Ele disse que as autoridades da cidade apoiam "a liberdade de expressão e o debate justo sobre o nosso futuro", mas que "com estas ações, este grupo não está apenas prejudicando o histórico Portão de Brandemburgo, mas também o nosso discurso livre sobre o questões importantes do nosso tempo e futuro."
O que é Die Letzte Generation?
O grupo Die Letzte Generation foi fundado em 2021 após uma greve de fome de sete ativistas, o que rendeu um encontro com o hoje chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, na época candidato ao cargo pelo Partido Social-Democrata (SPD).
Argumentando que Scholz não colocou em prática as exigências que teriam sido acordadas, os manifestantes começaram com protestos mais intensos e seguidos a partir do começo de 2022, que incluíram atirar tinta em obras de artes famosas e ativistas se colando no asfalto de ruas, avenidas e pistas de aeroportos.
Em julho, alguns ativistas colaram as mãos na pista de diversos aeroportos da Alemanha, bloqueando pousos e decolagens por algumas horas.
Conforme o website da organização, o Letzte Generation tem grupos locais espalhados por mais de 60 cidades da Alemanha. Embora não se saiba ao certo quantos membros compõem o grupo, estima-se que o número seja de 1.200 integrantes ativos, de acordo com informações do jornal alemão Die Zeit.
Um relatório publicado em seu site aponta que o grupo recebeu em torno de 900 mil euros em doações em 2022 e gastou cerca de 535 mil. Os custos incluem aluguéis, carros, computadores e telefones celulares, além de materiais para protestos, como cola, papel e cartazes.
Entre as exigências dos integrantes estão a imposição de um limite de 100km/h nas rodovias alemãs – conhecidas como Autobahn, muitas delas não têm limite, o que aumenta os gastos de combustível – e também a instituição de um bilhete de transporte nacional mensal de 9 euros de forma permanente.
Membros do Die Letzte Generation também acusam o governo alemão de "impotência política" e tentam levar o clima e as mudanças climáticas ao topo da agenda social por meio de um conselho.
jps (ots)