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Atentados elevam dúvidas sobre segurança nos Jogos de Sochi

30 de dezembro de 2013

Especialistas afirmam que ataques em Volgogrado têm ligação com Jogos Olímpicos de Inverno da Rússia. Para Comitê Olímpico Russo, não é necessário tomar medidas extras de segurança para o evento.

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Foto: Stringer/AFP/Getty Images

Um segundo atentado a bomba em menos de 24 horas na cidade de Volgogrado deixou as autoridades russas em alerta. A poucas semanas dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, especialistas não descartam outros ataques terroristas, e atentados geram dúvidas sobre a segurança dos Jogos.

Até o momento, nenhum grupo assumiu a autoria dos atentados em Volgogrado, cerca de 650 quilômetros ao nordeste de Sochi. Mas o redator-chefe do portal de notícias russo Agentura.ru, Andrey Soldatov, considera que a série de atentados na cidade seja de responsabilidade de um pequeno grupo de terroristas.

"Eu receio que, em face dos iminentes Jogos Olímpicos, a estratégia seja distrair as forças russas de segurança", afirmou Soldatov em entrevista à DW.

Para o especialista, os terroristas querem mostrar que também estão aptos para atacar fora da região do Cáucaso do Norte, e Volgogrado teria sido escolhida aleatoriamente como alvo. Soldatov acredita que a responsabilidade pelas explosões na cidade pode ser atribuída ao líder do autoproclamado Emirado do Cáucaso, Doku Umarov.

Em julho de 2013 ele convocou seus seguidores para tentar impedir a realização dos Jogos Olímpicos de Sochi. Além disso, ele também ameaçou com ataques na região central da Rússia. "Infelizmente, sabemos que Umarov tem seguidores que o obedecem e podem realizar ataques", afirmou o jornalista russo.

Profissionalismo em cheque

O presidente da Associação dos Veteranos da Unidade Antiterrorista russa (Alpha), Serguey Gontcharov, afirma haver uma ligação direta entre os ataques em Volgogrado e os Jogos de Sochi. Após os ataques, diz ele, é bem provável que muitos que compraram ingressos para assistir aos Jogos tenham dúvidas se vão viajar à Rússia.

Gontcharov critica duramente o trabalho do serviço secreto russo. "Coloca-se agora em questão se os serviços de segurança são suficientemente profissionais. Relatórios apontam que as autoridades da região são frágeis, já que lá imperam conflitos entre as elites locais", afirmou o presidente da Alpha em entrevista à DW. Ele ressalta que os ataques anteriores não levaram a um reforço perceptível das medidas de segurança.

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Analistas acreditam que Doku Umarov (foto) tem ligação com ataques em VolgogradoFoto: dapd

Segundo o analista, o terrorismo clandestino na Rússia mudou de tática. Diante disso, as autoridades deveriam ter reagido. “Em toda a Rússia há grupos terroristas compostos por cinco, seis pessoas que atuam de forma autônoma e que não são subordinados a ninguém”, disse Gontcharov. Há ainda muitos terroristas que agem sozinhos.

Várias metas

Os responsáveis pelos ataques terroristas em Volgogrado têm diversos objetivos, afirma Gennadi Gudkov, coronel da reserva do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, em russo). "Estas ações são claramente demonstrativas. Elas devem, em primeiro lugar, arruinar o ano novo dos russos e, em segundo, intimidar pessoas que queiram participar dos Jogos Olímpicos de Inverno", disse o especialista em entrevista à DW.

Gudkov lembra ainda que diferentes movimentos e ideologias extremistas estão crescendo na Rússia. E critica que os seguidores do Islamismo na Rússia não combatem movimentos radicais.

Outro alvo das críticas do especialista é, também, o Estado russo. Para Gudkov, a corrupção generalizada, a arbitrariedade da Justiça e a supressão de direitos e liberdade dos cidadãos favoreceram o extremismo. "Pode-se dizer que as autoridades assistem a tudo de braços cruzados", avalia.

Sendo assim, o próprio Estado seria também responsável pelo aumento da radicalização, pois deveria integrar as diferentes religiões e os poderes da sociedade. Somente assim, diz Gudkov, o terrorismo poderá ser combatido.

"Tudo já foi feito"

O presidente do Comitê Olímpico Russo, Alexander Zhukov, afirmou nesta segunda-feira (30/12), após os atentados em Volgogrado, não ser necessário tomar qualquer medida extra de segurança para os Jogos de Sochi. "Tudo o que era preciso já foi feito."

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Os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi contarão com medidas de segurança jamais vistasFoto: KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP/Getty Images

De olho no evento, as autoridades russas introduziram algumas das mais completas checagens de identidades e medidas de segurança jamais vistas num evento esportivo internacional.

Qualquer pessoa que queira assistir aos Jogos, que se iniciam em 07 de fevereiro, terá que comprar um bilhete online dos organizadores e obter um "passe de espectador" para obter acesso aos locais onde ocorrerão as competições esportivas. Para isso, será necessário fornecer detalhes do passaporte e contatos que permitirão às autoridades examinar todos os visitantes e checar suas identidades assim que chegarem aos locais dos Jogos.

A zona de segurança criada em torno Sochi estende-se por aproximadamente 100 quilômetros ao longo da costa do Mar Negro e por até 40 quilômetros para o interior. As forças russas incluem tropas especiais para patrulhar as montanhas cobertas de florestas que circundam o local, drones para manter constante vigilância sobre instalações olímpicas e lanchas para patrulhar a costa.

FC/dw/rtr/ap