Atenção especial antes dos Jogos de Inverno na Itália
9 de fevereiro de 2006A equipe de segurança italiana para os Jogos Olímpicos está preparada: cerca de 15 mil pessoas fazem parte da força de segurança, o espaço aéreo pode ser fechado ao tráfego, soldados estão posicionados na frente de inúmeros hotéis e sistemas antimísseis foram instalados em Turim e nos vales das montanhas das redondezas.
O esquema visa a proteger os Jogos Olímpicos de Inverno de ações terroristas. "Depois dos acontecimentos na Espanha e em Londres, era de se esperar que a Itália já houvesse sofrido um ataque terrorista", diz Stefan Kempiz, da Fundação Konrad Adenauer em Roma. Os Jogos de Inverno, que acontecem de 10 a 26 de fevereiro, seriam espetacular pano de fundo para um ataque dessa natureza, afirma Kempiz.
Ataque terrorista é possível
Ameaças de grupos terroristas contra a Itália são comuns. O motivo: a Itália enviou, desde junho de 2003, cerca de 3 mil soldados ao Iraque – o quarto maior contingente, ficando atrás somente dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Coréia do Sul. O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, também reconhece que a possibilidade de um ataque é real. "Nós estamos conscientes de que existem riscos, por isso a tensão é tão grande. Nós trabalhamos em conjunto com o serviço secreto, para melhor coordenar a ação da polícia", afirmou Berlusconi na última terça-feira
Em virtude da onda de violência que se estabeleceu depois da publicação das caricaturas do profeta Maomé, a segurança dos dinamarqueses e dos noruegueses será reforçada. No entanto, ameaças concretas não foram feitas até agora.
Batalha eleitoral começa ao mesmo tempo
Mesmo assim, a Itália está atenta: no dia 11 de fevereiro, o alerta de segurança será especialmente alto. Na noite do dia 10, acontecerá a abertura dos Jogos Olímpicos com a presença de vários chefes de Estado e, em Roma, Carlo Azeglio Ciampi irá dissolver o Parlamento para as eleições do dia 9 de abril. Acredita-se que o acontecimento simultâneo dos Jogos de Inverno e da corrida eleitoral aumentará ainda mais o risco de que algo aconteça.
Os jogos não serão utilizados para fins políticos
A maioria dos italianos não demostrou muito interesse pelos Jogos até agora. A mídia também não tem dado muita relevância aos Jogos Olímpicos de Inverno. "A batalha eleitoral só começa em meados de fevereiro, mas Berlusconi já pode ser visto com freqüência na televisão", comenta Michael Braun, jornalista em Roma. "Notícias sobre os Jogos de Turim aparecem muito raramente", afirma o jornalista. "A divulgação é tão escassa que, fora de Turim, as pessoas não recebem informações sobre os Jogos e os italianos não estão especialmente interessados no assunto."
Também os políticos não demonstram grande interesse pelo assunto. Isso se dá, possivelmente, porque não podem fazer uso político dos Jogos. "Há partes demais envolvidas: a cidade, a região e o país", diz Braun. A cidade e a região são governadas pelo partido de esquerda de Romano Prodi, não pelo partido de direita de Berlusconi. "Ganhar visibilidade com os Jogos Olímpicos não é possível nem para Berlusconi nem para o líder da oposição, Prodi", diz Braun.
Movimentos antiglobalização querem fazer manifestações
Outro movimento pode sair ganhando com a visibilidade dos Jogos Olímpicos de Inverno: o da antiglobalização. Já há alguns dias, o movimento tem se feito perceber com protestos maciços. Eles anunciaram recentemente que pretendem roubar a tocha olímpica.
"Desde os protestos na Cúpula do G8 em Gênova, no ano de 2001, os italianos receiam que algo possa acontecer", diz Kempiz, da Fundação Konrad Adenauer. As negociações das autoridades de Turim com os manifestantes não foram bem-sucedidas até o momento. Os ativistas criticam, principalmente, o maior patrocinador do evento, a Coca-Cola Company, que é acusada de usar mão-de-obra infantil em suas fábricas nos países subdesenvolvidos.
O Ministério do Interior francês também está preocupado com manifestações contra a construção de uma linha para trens-bala entre Turim e Lyon. Por causa dessa preocupação, a tocha olímpica precisou desviar seu caminho na viagem a Turim.
Olimpíada como incentivo à economia local
As pessoas de Turim estão especialmente interessadas no sucesso dos Jogos: "Para a região, os Jogos têm uma grande importância econômica", diz Braun. "A cidade não conseguiu até agora fazer sua passagem do ramo industrial para uma metrópole de prestação de serviços."
Conhecida em virtude da marca de carros Fiat, Turim sofre com a má situação financeira da fábrica de automóveis. "Os Jogos Olímpicos podem dar à cidade a oportunidade de se mostrar moderna", afirma Braun. Na Itália, pelo menos Turim se alegra com os Jogos Olímpicos.
A equipe da Alemanha nos Jogos Olímpicos de Inverno nunca foi tão grandes como a deste ano. Ao todo, são 162 atletas, sendo 97 homens e 65 mulheres. Um dos nomes mais fortes da equipe é Claudia Pechstein, a mais bem-sucedida esquiadora alemã em jogos olímpicos. O biatleta Ricco Gross e Georg Hackl, tricampeão olímpico de luge, também são promessas de medalha.