Ataque a estação de trem mata ao menos 25 na Ucrânia
25 de agosto de 2022Um bombardeio atingiu uma estação de trem e uma área residencial de Chaplyne, em Dnipropetrovsk, região central da Ucrânia, nesta quarta-feira (24/08), deixando dezenas de mortos e feridos, informou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU. Nesta quinta-feira, o número de mortes confirmadas chegou a 25.
O ataque ocorreu no feriado do Dia da Independência da Ucrânia, na mesma data em que se completaram exatos seis meses desde o início da invasão russa no país.
Zelenski, que no dia anterior havia alertado para o riscos de "provocações repugnantes" por parte de Moscou, afirmou em transmissão de vídeo ao Conselho de Segurança que mísseis atingiram um trem na pequena cidade de Chaplyne, a 145 quilômetros da região de Donetsk. Segundo afirmou, quatro vagões foram incendiados.
"Chaplyne é a nossa dor no dia de hoje. Até este momento, são 22 mortos", informou. Ele disse que o número de vítimas poderia aumentar, e prometeu fazer com que Rússia seja responsabilizada por suas agressões. "Vamos, sem nenhuma dúvida, expulsar os invasores de nossa terra. Nenhum rastro desse mal permanecerá em nossa Ucrânia livre", declarou.
Estações e infraestruturas ferroviárias se tornaram alvos de ataques durante a guerra. Em abril, ao menos 57 pessoas morreram em um bombardeio à estação de Kramatorsk, na região do Donbass.
Na data que marcou os 31 anos da independência ucraniana da União Soviética, as autoridades relataram vários ataques em diferentes regiões do país.
De acordo com Zelenski, entre os mortos em Chaplyn estão cinco pessoas que sofreram queimaduras após o carro em que estavam ser atingido. Outra vítima é um menino 11 anos que teve a casa destruída por um míssil russo.
Também nesta quinta, a União Europeia (UE) condenou o bombardeio e prometeu que os autores do ataque serão "responsabilizados". "A UE condena veementemente mais um ataque hediondo da Rússia contra civis, em Chaplyne, no Dia da Independência da Ucrânia", escreveu o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, no Twitter.
ONU exige acesso a Zaporíjia
Enquanto as sirenes soavam em várias cidades ucranianas, líderes mundiais exigiam a suspensão dos ataques e reiteraram a exigência pela liberação do acesso de uma missão internacional à usina nuclear de Zaporíjia, para averiguar possíveis danos ocorridos em razão de combates nas proximidades.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou durante a reunião do Conselho de Segurança que há poucas esperanças pelo fim da guerra. "Apesar dos progressos nas frentes humanitárias, os combates na Ucrânia não demonstram sinais de arrefecimento, com o surgimento de perigosos agravamentos em novas áreas", observou.
"O dia de hoje simboliza uma marca triste e trágica. Milhares de civis foram mortos e feridos, incluindo centenas de crianças." Guterres acusou a ocorrência de "graves violações dos direitos humanos e das leis internacionais e humanitárias, com pouca ou nenhuma responsabilização".
O secretário-geral alertou para uma potencial catástrofe na usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, e pediu acesso à missão internacional liderada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Outras lideranças expressaram as mesmas preocupações do secretário-geral. "Nos últimos meses, vimos um risco emergente de uma calamidade nuclear na Europa. É deplorável que seja necessário afirmar que uma usina nuclear jamais deveria ser utilizada como base militar", disse o embaixador da União Europeia na ONU, Silvio Gonzato.
EUA reforçam ajuda militar
Em sua mensagem de vídeo ao Conselho, Zelenski propôs que a Rússia transfira o controle da usina de Zaporíjia para a AIEA. Moscou deve encerrar sua "chantagem nuclear" e retirar suas tropas do local. Ele pediu que a Rússia seja responsabilizada pelos crimes de agressão cometidos na Ucrânia.
Em Washington, o presidente Joe Biden anunciou uma nova remessa de ajuda militar a Kiev, no valor de 3 milhões de dólares.
"Sei que este é um dia 'agridoce' para muitos ucranianos, quando milhares foram mortos ou feridos, milhões tiveram de deixar suas casas e tantos outros caíram vítimas das atrocidades e ataques russos", afirmou.
"Mas seis meses de ataques impiedosos somente reforçaram o orgulho dos ucranianos de si mesmos, de seu país e seus 31 anos de independência", disse o mandatário americano.
rc (Reuters, AP, DPA)