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Astrônomos fotografam buraco negro pela 1ª vez

10 de abril de 2019

Rede de telescópios em quatro continentes capta imagem inédita que poderá promover avanços na compreensão desses objetos, da gravidade, do universo e até confirma teorias de Einstein.

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A primeira imagem real de um buraco negro obtida pelo projeto Event Horizon Telescope (EHT)
A primeira imagem real de um buraco negro obtida pelo projeto Event Horizon Telescope (EHT)Foto: picture-alliance/dpa/Event Horizon Telescope (EHT)

Uma equipe internacional de astrônomos revelou pela primeira vez nesta quarta-feira (10/04) a imagem real de um buraco negro, que poderá revolucionar a compreensão sobre o tema.

A imagem foi obtida pelos cientistas que trabalham na rede mundial de telescópios Event Horizon Telescope (EHT), que há anos vinha tentando fotografar pela primeira vez a entrada de um buraco negro. Os esforços envolveram a colaboração de profissionais em várias partes do mundo.

Os astrônomos conectaram oito telescópios de rádio em quatro continentes para criar um supertelescópio virtual, cujo diâmetro é do tamanho da Terra, o que permite atingir precisão nos detalhes. Aproximadamente, seriam como se alguém em Berlim pudesse ler um jornal em Nova York.

Na imagem, o objeto se assemelha a um anel flamejante nas cores laranja, amarelo e preto. "Vimos o que pensávamos ser impossível de ver. Vimos e fizemos uma foto de um buraco negro", disse Sheperd Doeleman, da Universidade de Harvard.

A Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos (NSF), uma das organizações que apoiam o EHT, afirmou que o resultado do trabalho conjunto deverá promover avanços na compreensão dos buracos negros, da gravidade e até do universo.

Os astrônomos acreditam que os buracos negros – objetos bastante densos com um campo gravitacional tão forte que praticamente nada que se aproxime de suas bordas pode escapar – existam em quase todas as galáxias. Até a luz é atraída pela força gravitacional desses objetos, o que impede que sejam observados diretamente.

Há dois anos, os astrônomos se concentraram especialmente em dois buracos negros supermassivos, um no centro da galáxia da Terra, a Via Láctea, e outro bem mais distante, no centro da galáxia elíptica maciça M87. O projeto tem como objetivo criar uma imagem das beiradas dos dois objetos.

Enquanto grande parte da matéria é sugada pelo buraco negro para jamais ser vista novamente, a nova imagem consegue capturar gases e poeira "sortudos" que circulam nos limites do objeto ainda em segurança e que podem ser vistos da Terra milhões de anos mais tarde. 

A imagem, que foi registrada durante quatro dias em que os astrônomos tiveram que esperar por "tempo bom e todo o mundo e, literalmente, todas as estrelas se alinhassem", confirma a teoria da relatividade, elaborada há cerca de um século pelo cientista Albert Einstein, que previu inclusive a forma simétrica encontrada agora pelos astrônomos.

"Ela é circular, mas em um dos lados a luz é mais brilhante", disse Jessica Dempsey, vice-diretora do Observatório do leste da Ásia no Havaí, que participou do projeto. As medidas foram tomadas em um comprimento de onda que o olho humano não consegue detectar, motivo pelo qual os astrônomos acrescentaram cores à imagem.

O que se vê na imagem é o gás aquecido a milhões de graus pela fricção de uma gravidade cada vez mais forte, dizem os cientistas.

Essa gravidade cria um efeito semelhante a uma casa de espelhos, onde se vê a luz que está atrás do objeto e atrás do observador, enquanto a luz se curva e circula em torno do buraco negro, explicou o astrônomo Avi Loeb, diretor da Iniciativa Buraco Negro de Harvard. O projeto custou entre 50 e 60 milhões de dólares.

O horizonte de eventos de um buraco negro é o ponto sem retorno além do qual qualquer coisa —estrelas, planetas, gás, poeira e todas as formas de radiação eletromagnética— é engolida para o esquecimento.

RC/ap/rtr

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