As fontes de pesquisa da genealogia alemã no Brasil
As principais instituições com grande acervo de livros, atas e documentos através dos quais se pode reconstruir a história da imigração alemã no Brasil encontram-se nos estados em que ela se concentrou, principalmente na região Sul, em São Paulo, no Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais.
Memorial do Imigrante em São Paulo
O memorial na capital paulista possui um Museu da Imigração, que existe desde 1993, e um Centro de Pesquisa e Documentação. Instalado num dos poucos edifícios centenários de São Paulo, o museu ocupa parte da antiga Hospedaria dos Imigrantes, um conjunto de prédios construídos entre 1886 e 1888 no Brás para receber e encaminhar os imigrantes trazidos pelo governo do Estado de São Paulo.
De 1882 a 1978, cerca de 60 etnias e nacionalidades por ali passaram, totalizando mais de 2,5 milhões de pessoas. Existe um registro de todas as pessoas que estiveram na antiga hospedaria. Entre os documentos estão listas de bordo dos navios que atracaram em Santos, cartas chamando imigrantes, cerca de cinco mil fotografias e documentos pessoais.
Aproximadamente 22% das informações dos livros de registro da hospedaria já estão informatizadas. Um grupo de especialistas atende aos pedidos de informação sobre imigrantes. Em 2002, foram mais de dez mil solicitações de pesquisa.
Quanto aos alemães, o Museu do Imigrante, que realiza um trabalho exemplar de informação, preservação da história nacional e de fontes de pesquisa, possui registro de 375 mil nomes de pessoas que estiveram na hospedaria, isto é, somente imigrantes que chegaram ou passaram por São Paulo. A entidade também emite certificados.
Instituto Martius-Staden
Mantido pela Fundação Visconte de Porto Seguro, à qual pertence o Colégio Porto Seguro, o Instituto Martius-Staden de Ciências, Letras e Intercâmbio Cultural está localizado no centro antigo de São Paulo e é um dos grandes pólos de estudo para assuntos ligados à imigração dos povos de língua alemã, assim como literatura, história e cultura da Alemanha.
"Nós temos aproximadamente 120 mil registros de pessoas, empresas e famílias alemãs desde o século 19. É um acervo enorme", disse à DW-WORLD seu diretor, Dirk Brinkmann, referindo-se ao arquivo, situado no quarto andar do prédio. Já a biblioteca tem mais de 30 mil volumes, distribuídos em três andares.
O instituto responde questões sobre genealogia de famílias de origem germânica no Brasil. Seu arquivo formou-se a partir de doações da comunidade, depois de publicado um anúncio no diário alemão Deutsche Zeitung de São Paulo, em 1925, solicitando envio de documentos, fotos, relatórios anuais, anúncios de comemorações da comunidade alemã e publicações de todo tipo relacionadas ao crescimento da colônia alemã. Ele reúne ainda certificados, cartas, espólio de famílias alemãs, certidões e até registros judiciais de crimes ocorridos na cidade.
Com o patrocínio da Siemens e da MWM, o instituto criado em 1916 como associação de professores da primeira escola alemã, a Deutsche Schule de São Paulo, está informatizando seu acervo e integrando os módulos Biblioteca e Internet, para melhor atendimento público.
Arquivo do Estado de São Paulo
Situado na zona norte da capital paulista, é um dos maiores arquivos públicos brasileiros. Sua biblioteca de apoio à pesquisa possui 39 mil volumes, além dos 25 mil do núcleo da Biblioteca Estadual.
O arquivo possui documentos administrativos do governo do Estado, da Secretaria da Agricultura (nos quais há vários dados sobre os imigrantes alemães levados a fazendas de café), informações sobre núcleos colonais, como também lista de imigrantes e navios.
No entanto, como se trata de fontes primárias, os documentos e registros não estão separados por nomes, o que dificulta a pesquisa. Ela tem que ser feita pessoalmente, com a ajuda de catálogos abarcando os períodos colonial, imperial e republicano.
Fontes em outros estados
Fundado em 1938, o Instituto Histórico de Petrópolis tem um bom site na internet, com um índice alfabético com mais de 300 nomes de colonos alemães. Ao todo chegaram a Petrópolis mais de 450 famílias germânicas, entre 29 de junho de 1845 e 31 de dezembro de 1846. Entre os trabalhos listados, há vários que abordam "a colônia imperial" e a vida dos alemães.
Merece destaque também o site do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, com informações sobre a imigração no Estado que até hoje tem cidades com forte influência alemã e também sobre como obter cidadanias estrangeiras.
O Arquivo Histórico de Joinville tem um registro da imigração na cidade e em Santa Catarina, possuindo um setor de pesquisa histórica e um amplo acervo de jornais. Já em Florianópolis está situado o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.
Na internet, o Portal São Bento do Sul tem a lista de imigrantes de 1872 com destino à Colônia Dona Francisca, informações sobre São Pedro de Alcântara e as colônias alemãs, nomes de cidades, nomes antigos de municípios em Santa Catarina e um informativo artigo de Rodolfo Lincoln Hey sobre a imigração alemã em Santa Catarina e no Paraná.
No Rio Grande do Sul, há o Museu Visconde de São Leopoldo, entre outros, o Instituto Genealógico do Rio Grande do Sul, bem como importantes trabalhos realizados na Universidade Federal do RS e na Unisinos de São Leopoldo.
Associações e sites interessantes
A Associação Nacional de Pesquisadores da História das Comunidades Teuto-Brasileiras realiza seu próximo seminário em Teutônia, RS, de 8 a 10 de julho próximo, destinado a professores, pesquisadores e pessoas que trabalham em centros da cultura alemã, museus e arquivos históricos.
Um site da Paróquia Martin Luther traz informações sobre os primeiros pastores protestantes vindos da Alemanha e as primeiras comunidades evangélicas que deram origem à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Ele contém ainda a relação dos navios que trouxeram imigrantes alemães ao Brasil entre 1824 e 1830 e um "mural dos antepassados".
O Colégio Alemão de Genealogia e a Associação Brasileira de Pesquisadores em História e Genealogia, por sua vez, congregam vários estudiosos da imigração. Esta lista ficará necessariamente incompleta, uma vez que as fontes são muitas. Mas no tocante à internet, é digna de nota a Brazilgenweb, que promete as "mais completas dicas de genealogia na internet" e cumpre realmente.
Seu projeto Imigração Alemã traz uma cronologia da colonização alemã desde Nova Friburgo e Ilhéus (1818), passando por vários estados brasileiros, páginas dedicadas às colônias, relação de famílias alemãs com suas histórias na rede e vários links para quem quiser conhecer mais detalhes da história da imigração e procurar suas raízes alemãs.
Texto originalmente publicado em 2004