Artistas que o mundo perdeu em 2016
De Pierre Boulez a George Michael, de David Bowie a Ferreira Gullar, representantes de diversos estilos e setores artísticos deixarão saudades. Uma homenagem a alguns deles.
Pierre Boulez († 5 de janeiro, 90 anos)
"Com ele, morre uma era": se há uma pessoa a que a frase realmente se aplica, é Pierre Boulez. O compositor com formação matemática era o último representante vivo da vanguarda musical europeia do pós-guerra, ao lado de nomes como Berio, Ligeti, Stockhausen. Além de regente respeitado por sua meticulosidade e rigor, o francês foi um arguto pensador da arte e cultura passada e contemporânea.
David Bowie († 10 de janeiro, 69 anos)
Astro pop que lutava contra um câncer morreu dois dias após o lançamento de seu último disco, "Blackstar". Atingindo o auge da fama na década de 70 com hits como "Space Oddity," "Heroes" e "Life on Mars", Bowie reinventou constantemente sua música e imagem. Isso lhe garantiu uma carreira muito bem sucedida ao longo de cinco décadas.
Alan Rickman († 14 de janeiro, 69 anos)
Famoso por papéis no cinema como o professor Snape na saga de Harry Potter e o vilão Hans Gruber em "Duro de matar", o ator inglês foi vitimado pelo câncer do pâncreas. Entre os diversos prêmios em sua carreira, constam um Emmy e um Globo de Ouro. Em fevereiro Rickman faria 70 anos.
Umberto Eco († 19 de fevereiro, 84 anos)
O autor de "Apocalípticos e integrados", "O nome da rosa" e "Baudolino" foi um dos mais conceituados intelectuais italianos. Antes de se tornar romancista, Eco também seguiu carreira acadêmica, como professor de semiótica nas universidades de Bolonha, Yale e Columbia. Seus livros foram publicados em mais de 60 idiomas.
Harper Lee († 19 de fevereiro, 89 anos)
A escritora americana Harper Lee foi aclamada por "O sol é para todos" (To kill a mockingbird), sobre a injustiça racial no sul dos EUA. O romance publicado em 1960 vendeu milhões de cópias, rendeu-lhe um Pulitzer, foi traduzido em mais de 40 idiomas e teve uma bem-sucedida adaptação para o cinema. Seu segundo e último romance só seria publicado em 2015.
George Martin († 8 de março, 90 anos)
Inovador e revolucionário, o arranjador, compositor e regente inglês influenciou gerações através de sua contribuição na música dos Beatles, banda que revelou em 1962. Ele é considerado o produtor musical de maior sucesso de todos os tempos, estando por trás de mais de 50 canções que atingiram o primeiro lugar nas paradas britânica e americana durante cinco décadas.
Zaha Hadid († 31 de março, 65 anos)
A arquiteta iraquiana construiu prédios emblemáticos, como o pavilhão aquático do parque olímpico de Londres. Primeira a receber o prêmio Pritzker de arquitetura, Hadid era considerada a mulher de maior prestígio na arquitetura mundial.
Prince († 21 de abril, 57 anos)
Considerado um dos músicos pop mais inovadores de seu tempo, Prince ganhou fama no fim dos anos 1970 e conquistou o público com canções como "Purple Rain", "Kiss" e "Raspberry Beret". Autópsia revelou que o ícone pop morreu de uma overdose de opioides, tendo ingerido quantidade elevada do analgésico fenantil, mais forte do que a morfina e à base de ópio.
Cauby Peixoto († 15 de maio, 85 anos)
Cantor foi um dos grandes nomes da chamada "era de ouro do rádio" no Brasil. Em 65 anos de carreira, gravou inúmeros álbuns e teve grande sucesso com músicas como "Blue Gardenia", "Conceição", "Mil mulheres", "Bastidores" e "Nada além".
Bud Spencer († 27 de junho, 86 anos)
Ícone do western-espaguete, um subgênero dos filmes de faroeste produzido na Itália e Espanha e popular nas décadas de 1960 e 1970, o ator italiano era conhecido por protagonizar cenas de brigas e humor. Antes da carreira artística sob o pseudônimo Bud Spencer, Carlo Pedersoli era nadador profissional, tendo disputado dois Jogos Olímpicos.
Elie Wiesel († 2 de julho, 87 anos)
O escritor, ativista e Prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel é autor de mais de 30 ensaios e novelas. Sobrevivente do Holocausto, ele criou a Fundação Elie Wiesel pela Humanidade, que além de causas israelenses e judaicas, defendeu refugiados do Camboja, vítimas do apartheid na África do Sul e da fome e do genocídio no continente africano.
Hector Babenco († 13 de julho, 70 anos)
Argentino radicado no Brasil ficou conhecido por sucessos como "O beijo da mulher-aranha", pelo qual foi indicado a Oscar de melhor direção, e "Carandiru". Seu último longa, "Meu amigo hindu", foi lançado em março de 2016. Nele, Babenco recria a própria luta contra um câncer no sistema linfático, que durou oito anos.
Gene Wilder († 29 de agosto, 83 anos)
O ator americano Gene Wilder, eternizado por sua atuação em "A dama de vermelho" e, sobretudo, como o Willy Wonka da versão de 1971 de "A fantástica fábrica de chocolate", morreu de complicações relacionadas ao mal de Alzheimer. Sua intensa colaboração com o diretor e ator Mel Brooks rendeu comédias de sucesso como "Primavera para Hitler", "Banzé no oeste" e "O jovem Frankenstein".
Domingos Montagner († 54 anos, 15 de setembro)
O ator de 54 anos morreu afogado no rio São Francisco, no Sergipe, onde gravava cenas da novela "Velho Chico", da Rede Globo. Ele iniciou sua carreira artística no teatro e no circo e atuou em 13 programas de televisão, entre séries e telenovelas, além de nove filmes.
Andrzej Wajda († 9 de outubro, 90 anos)
Um dos nomes mais aclamados do cinema da Polônia, Andrzej Wajda foi premiado com um Oscar pelo conjunto de sua obra e com o Urso de Ouro honorário na Berlinale. Três de seus filmes foram indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro: "Terra prometida", em 1976, "O homem de ferro", em 1981, e "Katyn", em 2008. Ele morreu de insuficiência pulmonar.
Dario Fo († 13 de outubro, 90 anos)
O ator, escritor, dramaturgo e diretor italiano, ganhador do Nobel de Literatura de 1997, conquistou fama internacional em 1969 com a peça "Mistério bufo", uma epopeia dos oprimidos inspirada na cultura medieval. Entre suas obras constam, ainda "Morte acidental de um anarquista", "A maconha da mamãe é a mais gostosa"; e "Não vamos pagar". Fo é considerado um renovador da "commedia dell'arte".
Leonard Cohen († 7 de novembro, 82 anos)
O autor da canção "Hallelujah" era conhecido por letras intensas, com temas que iam de amor e ódio à espiritualidade e depressão. Em 2016, lançou seu 14° álbum, "You want it darker", que, segundo certos críticos, seria uma espécie de testamento através de canções sombrias. O canadense já estava gravemente doente durante a gravação.
Ferreira Gullar († 4 de dezembro, 86 anos)
Em sua carreira, o poeta, escritor, jornalista e teatrólogo Ferreira Gullar ganhou dois Prêmios Jabuti e o Prêmio Camões, além de ser indicado ao Nobel de Literatura. O maranhense é conhecido por obras como "Muitas vozes" e "Poema sujo", considerado sua obra-prima.
Zsa Zsa Gabor († 18 de dezembro, 99 anos)
A atriz húngara Zsa Zsa Gabor, que completaria 100 anos em fevereiro de 2017, participou de vários filmes na década de 50, mas também era conhecida por seu comportamento fora das telas e os escândalos de sua vida pessoal, que incluiu nove casamentos. Ela se definia como "famosa por ser famosa".
George Michael († 25 de dezembro, 53 anos)
Pouco antes de o ano acabar, o mundo da música foi novamente abalado pela morte de um dos ícones do pop mundial. Conhecido tanto pelos sucessos que emplacou nos primeiros lugares das paradas internacionais como por sua turbulenta vida pessoal, George Michael vendeu mais de 100 milhões de álbuns numa carreira de quase quatro décadas.
Carrie Fisher († 27 de dezembro, 60 anos)
A eterna princesa Leia de "Guerra nas Estrelas" estava internada na UTI de um hospital na Califórnia após sofrer parada cardíaca num avião entre Londres e Los Angeles. A morte da atriz Carrie Fisher gerou grande comoção entre fãs, amigos e colegas de profissão. Para Harrison Ford, seu parceiro em quatro filmes da saga, era "singular, brilhante e original", alguém que "viveu a vida com bravura".
Debbie Reynolds († 29 de dezembro, 84 anos)
A atriz americana protagonizou diversos musicais de Hollywood nas décadas de 1950 e 1960, entre estes, "Cantando na chuva" e foi indicada ao Oscar por seu papel em "A inconquistável Molly". Ela morreu após sofrer um acidente vascular cerebral enquanto preparava o funeral de sua filha, a também atriz Carrie Fisher, morta no dia anterior.