Arquitetura sustentável inspirada na natureza
Arquitetos e designers buscam inspiração na natureza há séculos. A prática, conhecida como biomimética, integra soluções sustentáveis a construções arquitetônicas. A DW reuniu alguns exemplos.
A Sagrada Família, Barcelona, Espanha
A histórica catedral do arquiteto catalão Antoni Gaudí está em construção desde 1882. Gaudí, cujo estilo foi fortemente influenciado pelo mundo natural, não era fã de linhas retas. Sua magnífica estrutura apresenta colunas de dupla torção que sustentam o telhado e atraem os olhos para as claraboias com vitrais, as quais iluminam o espaço interno com luz dourada e verde.
Copa das árvores
O trabalho de Gaudí remete à luz do sol que penetra a copa das árvores numa floresta. Na área central da igreja, visitantes têm a impressão de estar caminhando por uma clareira na mata. As colunas, que se ramificam para apoiar a abóbada e o telhado, imitam a maneira como as árvores distribuem seu peso. Por isso, as colunas de Gaudí conseguem suportar uma carga maior do que pilares tradicionais.
Eastgate Centre, Harare, Zimbábue
Este shopping foi o primeiro edifício na África a usar um sistema passivo de ventilação. Ele aproveita as oscilações de temperatura diárias para resfriar e aquecer os ambientes de forma natural. O ar fresco do nível do solo é empurrado até o telhado, por onde o ar quente escapa. Paredes espessas de tijolos, janelas pequenas e uma fachada clara também mantêm os espaços frescos.
Cupinzeiros
O arquiteto Mick Pearce, que projetou o Eastgate Centre, se inspirou nos cupinzeiros da savana do Zimbábue. Essas enormes estruturas, que chegam a até 9 metros, são moldadas para receber o ar fresco em sua base e liberá-lo, quente, em seu topo. Os cupins, que precisam manter sua temperatura corporal em torno de 30 graus, constroem novos túneis e bloqueiam antigos para regular o calor e a umidade.
30 St Mary Axe, Londres, Reino Unido
Este Famoso arranha-céu faz parte da paisagem de Londres desde 2003. Projetado por Norman Foster e mais conhecido como The Gherkin, o prédio também se beneficia de aquecimento e resfriamento passivos. Além disso, o edifício conta com uma fachada de vidro duplo, que ajuda a isolar os escritórios e maximizar a luz.
Cesta de flores de Vênus
O interior do The Gherkin é aberto e espaçoso, graças a uma estrutura de treliças. Colunas metálicas sustentam a torre de 180 metros – da mesma forma que um esqueleto de sílica ajuda a esponja do mar conhecida como cesta-de-flores-de-vênus a sobreviver nos oceanos Índico e Pacífico. O sistema de ventilação do The Gherkin é inspirado na maneira como as esponjas filtram a água para obter nutrientes.
BIQ House, Hamburgo, Alemanha
Construído em 2013, este complexo de apartamentos no norte da Alemanha integra matéria viva em seu design. A "fachada de biorreatores" garante a sombra e abastece o edifício com energia renovável. Dois lados do prédio, voltados para o sul, são constituídos por 129 biorreatores - painéis de vidro que formam uma fazenda vertical de algas.
Algas verdes
As algas – que se alimentam de nutrientes líquidos e dióxido de carbono – crescem e preenchem os painéis por meio da fotossíntese. Elas são colhidas e armazenadas em tanques no interior do prédio. Depois, são fermentadas em uma usina elétrica próxima e usadas para gerar eletricidade. No verão, as algas protegem as janelas. No inverno, o crescimento mais lento permite maior entrada de luz.
Museu de Arte de Milwaukee, Wisconsin, EUA
O Pavilhão Quadracci, do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, faz parte do Museu de Arte de Milwaukee. A estrutura foi concluída em 2001 e tem o formato de proa de navio. Seu enorme teto de proteção solar, composto por 72 aletas de aço, abre e fecha para fornecer sombra. Quando totalmente estendido, o teto tem uma envergadura de cerca de 66 metros, comparável à de um Boeing 747.
Pássaro voando
Calatrava buscou refletir as características urbanas e naturais do local, especialmente os barcos e velas que passam pelo Lago Michigan, àsmargens do qual o museu está localizado. As asas do teto de 90 toneladas levam três minutos e meio para abrir ou fechar. O movimento gracioso é uma analogia ao voo de um pássaro.
O vidro que protege pássaros
Centenas de milhões de pássaros morrem a cada ano ao baterem em janelas transparentes. A empresa alemã Arnold Glas desenvolveu uma película de vidro refletiva ultravioleta. A película é quase invisível para os humanos, mas é vista pelos pássaros, que possuem maior sensibilidade visual. Assim, ela afasta os animais do perigo.
Teia de aranha
A maioria dos pássaros, como outros animais, consegue ver a luz no espectro ultravioleta, pois tem maior capacidade visual do que os humanos. Isso os ajuda a evitar folhas enquanto voam pela copa das árvores. Muitas aranhas fazem suas teias de seda, material que reflete os raios ultravioleta. Isso ajuda a atrair insetos, mas faz com que os pássaros voem em outra direção.
Revestimentos de parede externos
Nos anos 90, pesquisadores da fabricante japonesa de azulejos Inax desenvolveram um revestimento de sílica para ajudar a manter os azulejos limpos. A sílica, um elemento natural encontrado no solo, forma protuberâncias microscópicas na superfície dos ladrilhos. A umidade do ar adere a essas saliências e atrai as partículas poluentes. Quando chove, os prédios são naturalmente lavados e limpos.
Concha do Caracol
Os pesquisadores japoneses tiveram a ideia observando as conchas dos caramujos, que têm um padrão próprio de pequenas saliências. A superfície irregular cria pequenas poças de água nas conchas dos caracóis. As partículas contaminantes flutuam nessas poças e são, eventualmente, enxaguados pela chuva.