Argentina anuncia acordo para reestruturar dívida
4 de agosto de 2020O governo da Argentina informou nesta terça-feira (04/08) que alcançou um acordo com três dos principais grupos de credores privados do país para reestruturar uma dívida de mais de 66 bilhões de dólares, depois de vários meses de negociações.
Uma nota afirma que a Argentina e os representantes dos grupos Exchange Bondholders, Ad Hoc e Argentina Creditor Committee "chegaram a um acordo que lhes permitirá apoiar a proposta de reestruturação da dívida da Argentina e conceder à Argentina um alívio de dívida significativo".
Segundo o comunicado do Ministério da Economia, o país sul-americano "ajustará algumas das datas de pagamento previstas para os novos títulos", estabelecidas na "oferta definitiva" do governo, apresentada em 6 de julho – depois de três fracassos iniciais de acordo.
O texto também informa que o acerto não implica um aumento no "valor total dos pagamentos principais ou de juros que a Argentina se compromete a realizar, melhorando, ao mesmo tempo, o valor da proposta para a comunidade credora".
O acordo permitiria ao governo do presidente Alberto Fernández seguir com a reestruturação da dívida local e o programa vigente com o Fundo Monetário Internacional (FMI), imprescindíveis para tirar a economia argentina da recessão em que se encontra desde 2018 e do default (suspensão de pagamentos dos juros) desde 22 de maio.
Fontes do mercado citadas pelo jornal La Nación asseguram que a Argentina pagará 54,8 dólares por cada 100 de dívida, longe dos 39 dólares oferecidos por Buenos Aires em sua primeira proposta, e bastante perto dos 56 dólares que exigiam os credores.
Depois dos credores privados, a Argentina fará negociações com o FMI para também reestruturar outros 44 bilhões de dólares. Essa negociação, no entanto, não envolve nenhuma redução, apenas um alargamento dos prazos. A dívida pública argentina totaliza 323 bilhões de dólares, quase 90% do PIB do país.
Histórico
O governo de Alberto Fernández e os credores negociavam desde abril, quando foi lançada a primeira oferta de swap de títulos, que não recebeu o mínimo de adesão necessária para seguir adiante.
Em 5 de julho, a Argentina formalizou uma nova oferta, com melhorias em relação à realizada em abril. No entanto, ela acabou rejeitada pelos três maiores grupos de credores privados, liderados por grandes fundos de investimento.
Os comitês, por sua vez, apresentaram uma contraproposta conjunta, mas ela foi contestada pelo governo de Alberto Fernández.
Enquanto negociava forma de solucionar a reestruturação da dívida externa, a Argentina seguia tentando chegar a um acordo com o FMI, para fechar o pagamento de um empréstimo de US$ 44 bilhões, que o órgão fez em 2018.
Além disso, na semana passada, o Senado aprovou um projeto que busca iniciar as conversas entre o país e os credores de US$ 41,71 bilhões de títulos de dívida sob direito local.
MD/lusa/efe
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