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Após explosões, Putin ordena reforços em ponte para Crimeia

9 de outubro de 2022

Kremlin também quer mais proteção em outras infraestruturas críticas para a península. Bombardeios russos em área residencial de Zaporíjia matam ao menos 12 e ferem cerca de 50 pessoas.

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Vista aérea de ponte durante incidente com explosões
Imagem de satélite mostra destruição causada por explosões na ponte no Estreito de KerchFoto: Maxar Technologies/AP/picture alliance

Mergulhadores russos foram destacados para examinar neste domingo (09/10) os danos causados por uma série de explosões na ponte no Estreito de Kerch que liga a Rússia à Crimeia.

Segundo autoridades russas, um caminhão explodiu e incendiou sete tanques de um trem de carga que transportava combustível. Analistas, acreditam que pode ter se tratado de um ataque ucraniano.

De importância estratégica vital para a invasão de Moscou na Ucrânia, a estrutura é a única ligação terrestre com a península anexada ilegalmente pelos russos em 2014 e vem sendo usada principalmente como rota de abastecimento para as tropas russas em solo ucraniano.

O vice-primeiro-ministro da Rússia, Marat Khusnullin, foi citado pela mídia do país afirmando que os mergulhadores começariam a trabalhar às 6h.

As explosões no sábado levaram o presidente russo, Vladimir Putin, a assinar um decreto autorizando o reforço das medidas de segurança para a ponte, dando poderes ao serviço secreto russo (FSB) para coordenar as medidas de proteção.

O decreto também reforçou a segurança em torno de outras infraestruturas críticas, como as linhas de fornecimento de eletricidade e gás natural para a Crimeia, território que a Rússia anexou ilegalmente em 2014.

 "O FSB terá poderes para organizar e coordenar medidas para a rota de transporte através do Estreito de Kerch, para o aporte de energia da Federação Russa para a Península da Crimeia e para o gasoduto do território de Krasnodar à Crimeia", diz o decreto.

Putin também ordenou que uma comissão seja estabelecida para investigar as explosões na ponte. Autoridades russas disseram que três pessoas morreram.

"A situação é administrável. É desagradável, mas não fatal", disse a repórteres o governador russo da Crimeia, Sergei Aksyonov. "É claro que as emoções foram desencadeadas e há um desejo saudável de vingança".

Segundo ele, a península dispõe de combustível para um mês e mais de dois meses de comida. O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas forças no sul da Ucrânia podem ser "totalmente supridas" pelas rotas terrestres e marítimas existentes.

O tráfego de veículos e o ferroviário foram restabelecidos na ponte do sábado, horas depois das explosões, que derrubaram no mar, em dois locais, parte da pista para automóveis.

Prédio parcialmente destruído por bombardeio
Mais de dez mísseis atingiram área residencial de Zaporíjia, segundo autoridades locaisFoto: REUTERS

Ataques de mísseis em Zaporíjia

Ao menos 12 pessoas morreram após um bombardeio na cidade de Zaporíjia na madrugada deste domingo, e 50 foram hospitalizados, incluindo seis crianças, disseram autoridades ucranianas.

Um prédio de nove andares foi parcialmente destruído pelo ataque, cinco outros edifícios residenciais foram totalmente destruídos e muitos outros foram danificados por 12 ataques com mísseis russos, segundo Oleksandr Starukh, governador da região de Zaporíjia, localizada no sudeste da Ucrânia.

"Pode haver mais pessoas sob os escombros", acrescentou Starukh no aplicativo de mensagens Telegram. "Uma operação de resgate está em andamento no local. Oito pessoas já foram resgatadas".

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, confirmou o número das baixas e prometeu que aqueles que ordenaram e emitiram os ataques "impiedosos" serão responsabilizados.

Bombeiro trabalha perto de carro completamente destruído e prédios em escombros
Dezenas de pessoas foram hospitalizadas após ataques na cidade do sudeste ucranianoFoto: STR/REUTERS

A cidade de Zaporíjia fica a cerca de 52 quilômetros da maior usina nuclear da Europa e tem estado sob frequentes bombardeios nas últimas semanas. Um ataque noturno no sábado cortou a energia que sustenta o sistema de refrigeração da usina nuclear, obrigando a central a acionar seus geradores de eletricidade.

Kiev e Moscou culpam-se mutuamente pelos bombardeios contra a central, que já tem alguns de seus edifícios danificados e sofre ameaça de um acidente nuclear.

Partes da região de Zaporíjia, incluindo a central nuclear, estão sob controle russo desde os primeiros dias de invasão da Rússia na Ucrânia, mas a cidade de Zaporíjia, capital da região, permanece sob controle ucraniano.

md/le (DPA, Reuters, AFP)