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Apoio logístico

lk5 de junho de 2003

Parlamento vai dar sinal verde para uma participação da Alemanha na missão da União Européia no Congo. Ajuda logística já está decidida, envio de tropas é questão controversa.

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Menino soldado (esq.), desafio desconhecido pelas tropas alemãsFoto: AP

A participação das Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) na missão internacional no Congo vai adquirindo formato, depois de aprovada pelo gabinete do chanceler federal Gerhard Schröder em sua reunião semanal. O Parlamento vai se ocupar da questão na sexta-feira (06/06) e dar luz verde, porém sem formalizar ainda a resolução de envio de tropas, que vem sendo debatida de forma controversa no país.

O ministro da Defesa, Peter Struck, acentua que a França, a quem cabe o comando da missão internacional de paz, solicitou à Alemanha apoio logístico e não o envio de tropas à região em crise.

Assim, a Bundeswehr vai colaborar nos transportes aéreos para Uganda, país vizinho que servirá de base para as operações, já que a República Democrática do Congo não dispõe da infra-estrutura necessária. Colocará ainda à disposição aviões com equipamento médico a bordo e enviará dez a 12 oficiais ao comando central em Paris.

Eficácia questionada —

O mandato da Organização das Nações Unidas para o envio de uma tropa de paz composta por 1400 a 1500 soldados, sob a égide da União Européia, vem sendo criticado por especialistas. Winfrid Kühne, do Centro de Missões Internacionais, de Berlim, avalia que seriam necessários de 50 mil a 100 mil soldados para alcançar uma solução duradoura semelhante à do Kosovo, considerando que o Congo tem a extensão de toda a Europa Ocidental e nenhuma infra-estrutura nem ordem política. Para o pesquisador de paz Ernst-Otto Czempiel, o que está sendo planejado não é mais do que uma gota d'água. Necessário seria o envio de tropas de combate para aquele país africano.

Mas é justamente a participação de soldados alemães em combates que se questiona na Alemanha. Mesmo oficiais de alto escalão da Bundeswehr admitem que as tropas alemãs não têm o menor preparo para combater na África: faltam-lhe conhecimentos da geografia, das etnias e toda a experiência de que dispõem países colonialistas, tais como a França e a Grã-Bretanha. Além disso, ter de enfrentar crianças soldados seria uma situação totalmente nova.

Visita à região —

A decisão do governo alemão de participar da missão de paz foi tomada com base no relatório da vice-ministra das Relações Exteriores, Kerstin Müller, que visitou o Congo e os países vizinhos Uganda e Ruanda.

Certa de que o país está ameaçado de uma catástrofe semelhante à que ocorreu em Ruanda há nove anos, quando do conflito entre hutus e tutsis, Müller defende uma intervenção da comunidade internacional que, em sua opinião, "tem a responsabilidade de fazer de tudo para evitar um genocídio". Em Bunia, capital do distrito de Ituri, no leste do Congo, milhares de pessoas da etnia dos hemas vivem escondidas nas selvas, em condições catastróficas, para fugir às matanças pelas milícias dos lendus.

Os detalhes da participação da Alemanha serão tratados durante as consultações teuto-francesas, que terão lugar em Berlim na próxima terça-feira, sob a direção do chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, e do presidente francês, Jacques Chirac.