Grupo invade Parlamento e fere deputados na Venezuela
5 de julho de 2017Um grupo de cerca de cem simpatizantes do governo da Venezuela invadiu nesta quarta-feira (05/07) a Assembleia Nacional, cuja maioria é de oposição ao presidente Nicolás Maduro, e feriu vários deputados, funcionários e jornalistas que estavam no local.
Os manifestantes – muitos deles vestidos de vermelho e armados com paus e rojões – ficaram por horas reunidos em frente ao prédio e invadiram os jardins do Parlamento logo depois de uma sessão comemorativa dos 206 anos da independência da Venezuela, celebrada apenas pelos opositores.
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O incidente foi precedido pelo lançamento de rojões nos jardins do Palácio Federal, a sede do Legislativo venezuelano. Em meio às explosões, os deputados se refugiaram na câmara, mas decidiram sair para enfrentar o grupo quando souberam que este havia entrado nos jardins.
Manifestantes e deputados entraram em confronto, do qual resultaram feridos ao menos cinco deputados e sete funcionários do Legislativo. O deputado Américo de Grazia foi levado inconsciente para a enfermaria do Parlamento, com ferimentos na cabeça. Há também relatos de jornalistas e invasores feridos. Repórteres foram atacados e tiveram seus equipamentos roubados. Ao menos um dos invasores portava uma arma. Os invasores chegaram a alcançar os corredores da Assembleia.
"Urgente!! Grupos paramilitares entram na AN! Deputados feridos! Nas fotos @ArmandoArmas", afirmou o parlamentar opositor José Manuel Olivares numa mensagem que publicou no Twitter com duas fotos do deputado Armando Armas com sangue na cabeça e em partes da camisa.
O grupo acabou sendo expulso pela Guarda Nacional (polícia militar), que é responsável pela segurança da sede legislativa, mas os deputados oposicionistas acusaram o comando da Guarda de permitir a invasão, que ocorreu sob os olhos dos seguranças. Depois de expulso, o grupo de manifestantes permaneceu do lado de fora da sede da Assembleia ainda por várias horas.
"Tudo isso aconteceu diante do olhar impassível da Guarda Nacional. Estes são fatos sumamente graves", afirmou o deputado opositor Henry Ramos Allup em entrevista no Parlamento. "Isso faz parte do assédio delinquencial das quadrilhas armadas do regime contra a Assembleia Nacional", disse.
Pela manhã, o vice-presidente Tareck El Aissami fizera uma visita inesperada à Assembleia Nacional, acompanhado de funcionários e militares do primeiro escalão, para um evento em comemoração ao Dia da Independência. Parado ao lado do documento de declaração de independência da Venezuela da Espanha, ele afirmou que potências mundiais tentam mais uma vez subjugar os venezuelanos. Depois que ele foi embora, um grupo de apoiadores do governo fez um piquete do lado de fora do prédio, que, mais tarde, acabou invadindo.
Maduro condenou o ataque ao Parlamento e pediu que ele seja investigado. "Condeno absolutamente estes fatos. Jamais serei cúmplice de atos de violência. Eu os condeno e ordenei que sejam investigados e que se faça Justiça", afirmou o chefe de Estado, que, no momento da invasão, participava de um desfile cívico militar em outro ponto de Caracas em comemoração ao Dia da Independência.
AS/efe/dpa/ap/afp/rtr