Antídoto ou ponto de atração de neonazistas?
7 de janeiro de 2004O castelo Vogelsang, construído por encomenda do partido de Adolf Hitler em 1934, para servir de academia para as forças de elite do nazismo, deverá tornar-se a sede permanente da exposição sobre crimes cometidos pela Wehrmacht, conforme o plano do secretário da Cultura do Estado da Renânia do Norte-Vestfália, Michael Vesper. Ante o temor de o antigo reduto nazista se tornar alvo de peregrinação de neonazistas, representantes da esquerda dos partidos governistas Social Democrata (SPD) e Verde querem que o castelo seja simplesmente implodido.
O local vem atraindo há meses supostos corretores imobiliários e investidores, pretensamente interessados em especular na reserva ecológica onde se situa o antigo celeiro das forças de elite nazista. No dia 1º de janeiro de 2004, o local foi declarado Parque Nacional. Volker Hoffmann, que lutou durante anos pela criação da reserva ecológica na aprazível região do Eifel, diz saber que o verdadeiro interesse é no antigo reduto nazista.
Interesses imobiliários suspeitos
- Os que telefonam de várias partes da Alemanha, Bélgica e França se esforçam muito para demonstrar interesse meramente financeiro, mas no final de conversas elucidativas, Hoffmann e outros iniciadores do Parque Nacional têm as suas suspeitas confirmadas: "Eles querem fazer do passado de Vogelsang um motivo de peregrinação de neonazistas". Também via internet muitos se mostram encantados com o castelo repleto de relíquias nazistas.A monstruosa e suntuosa construção foi erguida em 1934 por encomenda do Partido Nacional-Socialista (nazista), como sede da academia para as forças de elite de Hitler. Há décadas que as Forças Armadas da Bélgica (antiga potência de ocupação na Alemanha) usa a área para manobras militares, mas querem começar a se retirar de lá ainda este ano. No final de 2005, o castelo deverá ser finalmente aberto ao público, mais de 60 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Implosão ou sede de exposição
- A implosão do burgo custaria muitos milhões de euros, segundo especialistas, em virtude dos seus muros de mais de dois metros e meio de espessura. E os habitantes da região acham que este dinheiro seria melhor empregado em infra-estrutura para atrair turistas. Por isso acham mais sensato optar pela instalação da exposição. O secretário estadual da Cultura, Michael Vesper, do Partido Verde, argumenta também que não seria sensato que se mande para o ar um capítulo terrível da história alemã.Vesper planeja, ao contrário, fazer do castelo Vogelsang um monumento contra a guerra e o delírio racista. E, como acha que a extrema-direita teme a realidade do Terceiro Reich como o diabo tem medo de água benta, ele gostaria de transformar as instalações em sede permanente da exposição sobre os crimes cometidos pelas Forças Armadas alemãs no nazismo.
O fundador e patrocinador da exposição até agora itinerária, o empresário Jan Philipp Reetsma, não faz, em princípio, objeções à idéia de Vesper. Mas exige um plano claro de financiamento da preservação da coletânea, bem como dos custos de uma revisão e alteração da exposição, conforme foi acertado com o Museu Alemão em Berlim. Esta questão será discutida num simpósio no dia 9 deste mês.
O medo dos nazistas voltarem a ser os senhores de Vogelsang se justifica, pois este burgo é tido como lugar sagrado para os neonazistas, embora a fortaleza tenha sediado a academia das forças nazistas de elite apenas durante 40 meses. Mas ela serviu também de abrigo para proeminentes de Colônia durante os bombardeios dessa cidade, bem como de hospital durante a guerra. As instalações eram luxuosas, dispondo de cinema próprio, quadras de tênis, piscinas e lareiras. Hitler e Hermann Göring, comandante da Força Aérea nazista, hospederam-se lá duas vezes, para caçar veados na região.