Antes de começar, Jogos Paralímpicos já batem recordes
7 de setembro de 2016Começam nesta quarta-feira (07/09), no Rio de Janeiro, os Jogos da 15ª Paralimpíada. O maior evento esportivo para atletas portadores de deficiência é organizado pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) e será realizado entre os dias 7 e 18 de setembro.
Os mais de quatro mil esportistas competirão em 528 provas de 23 modalidades esportivas. Com regras e categorias específicas para cada tipo e grau de deficiência, os Jogos Paralímpicos distribuem mais medalhas do que os próprios Jogos Olímpicos, que tiveram 306 provas disputadas. Fazem suas estreia no programa esportivo a canoagem e o paratriatlo.
Ao todo, um número recorde de 176 países participarão dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. Curioso: Macau e Ilhas Faroé são membros do IPC, mas não pertencem ao Comitê Olímpico Internacional (COI), portanto participam dos Jogos Paralímpicos, mas não dos Jogos Olímpicos. Já a Rússia foi banida completamente pelo IPC, sob acusação de manter um programa estatal de doping.
Com 278 atletas, o Brasil terá sua maior delegação na história dos Jogos Paralímpicos e, pela primeira vez, estará representado em todas as modalidades. A expectativa do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é que os brasileiros conquistem a quinta colocação no quadro geral de medalhas. Em Londres, em 2012, o Brasil ficou em sétimo, com 43 medalhas: 21 de ouro, 14 de prata e oito de bronze.
Pela primeira vez os Jogos Paralímpicos serão realizados na América Latina e num país lusófono. É também a segunda vez que ocorrem no Hemisfério Sul, depois de Sydney em 2000.
Desde terça-feira, a chama paralímpica está acesa no Museu do Amanhã. A chama formou-se da junção de cinco tochas que vieram de cinco cidades brasileiras – Brasília, Belém, Natal, São Paulo e Joinville – representando as cinco regiões do país, além de uma da cidade inglesa de Stoke Mandeville, berço do movimento paralímpico internacional.
Estrutura dos Jogos Olímpicos e dificuldades de acessibilidade
As provas dos Jogos Paralímpicos serão disputadas nas instalações utilizadas nos Jogos Olímpicos – algumas delas modificadas para atender às necessidades das respectivas modalidades. O maior teste para o Rio de Janeiro será mostrar se um dos principais destinos turísticos do mundo está apto para atender a atletas e turistas com algum tipo de deficiência.
Segundo o professor de Direito da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, Antônio Renato Cunha, a grande dificuldade dos atletas com deficiência será encontrar uma cidade com 100% de acessibilidade.
"Desde que foi aprovada a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, em julho do ano passado, alguma coisa avançou. O que vimos é que os lugares com grande movimento como os pontos turísticos contam com um espaço adaptado para acessibilidade", assinala Cunha. "Mas a grande maioria das instalações fora do eixo turístico ainda não oferece possibilidades de acesso aos deficientes físicos. Por exemplo, nem todas as estações de metrô e de trem possuem elevador".
Idealizador é fugitivo do regime nazista
Realizados pela primeira vez em 1960 em Roma, os Jogos Paralímpicos têm sua origem em Stoke Mandeville, na Inglaterra, onde ocorreram as primeiras competições esportivas para deficientes físicos como forma de reabilitar militares feridos na Segunda Guerra Mundial.
O neurologista alemão de origem judaica Ludwig Guttmann é considerado o criador dos Jogos Paralímpicos. Forçado pelo governo nazista da Alemanha a deixar o país, Guttmann foi com sua família para a Inglaterra, onde trabalhou na Universidade de Oxford. Em 1943, ele foi convidado para chefiar o Centro Nacional de Traumatismos na cidade de Stoke Mandeville, onde entrou em contato com soldados feridos.
Guttmann desenvolveu uma nova filosofia de tratamento para reabilitar deficientes físicos que incluía trabalho e esporte. Em 28 de julho 1948, ele promoveu o primeiro evento esportivo exclusivo para portadores de deficiência. A data não foi um acaso: no mesmo dia, a apenas 56 quilômetros de Stoke Mandeville, tinham início os Jogos Olímpicos de Londres.
No começo, os Jogos Paralímpicos eram chamados de Jogos Internacionais de Stoke Mandeville e eram exclusivos para atletas em cadeiras de rodas. Somente na edição de 1976, em Toronto, amputados, pessoas com lesões na medula espinhal e deficientes visuais foram incluídos ao programa paralímpico.
Confira as principais esperanças brasileiras de medalha:
Natação:
Daniel Dias – dono de 15 medalhas paralímpicas e vencedor do Prêmio Laureus – o "Oscar do Esporte" – como melhor atleta paralímpico do mundo em 2009, 2013 e 2016.
André Brasil – conquistou dez medalhas paralímpicas e é recordista mundial em cinco provas.
Phelipe Rodrigues – detentor de três medalhas paralímpicas e três do Mundial de 2015.
Atletismo:
Terezinha Guilhermina – dona de seis medalhas e atual bicampeã paralímpica dos 200m rasos.
Shirlene Coelho – prata em Pequim e ouro em Londres e recordista mundial no lançamento do dardo.
Silvânia Costa – atual campeã e recordista mundial do salto em distância.
Yohansson Nascimento – quatro medalhas paralímpicas, além de um dos momentos mais marcantes em Londres 2012.
Alan Fonteles – duas medalhas olímpicas e recordista mundial nos 100m e 200m rasos.
Odair Santos – detém sete medalhas paralímpicas.
Bocha: Maciel Santos – medalhista de ouro no individual em Londres 2012.
Além disso, o CPB confia em medalhas nas equipes masculinas do futebol de 5, futebol de 7, vôlei sentado e no goalball. Outros destaques brasileiros são Bruna Alexandre (tênis de mesa), Ítalo Gomes e Matheus Rheine (natação), Verônica Hipólito, Alex Pires, Daniel Martins, Lorena Spoladore, Petrucio Ferreira e Mateus Evangelista (atletismo) e Luis Carlos Cardoso (canoagem).
Os Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro marcam também a despedida do esporte do nadador Clodoaldo Silva, ícone do esporte paralímpico brasileiro e vencedor de 13 medalhas paralímpicas. Aos 37 anos, Clodoaldo competirá em cinco provas.