Annan impõe prazo para cessar-fogo na Síria
2 de abril de 2012Nesta segunda-feira (02/04), o enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Liga Árabe à Síria, Kofi Annan, estabeleceu 10 de abril de 2012 como prazo máximo para a Síria implementar um cessar-fogo. A partir dessa data, a oposição teria 48 horas para cessar suas hostilidades. Segundo Annan, Damasco concordou com a determinação.
Em uma videoconferência a partir de Genebra, Annan informou o Conselho de Segurança da ONU em Nova York sobre os progressos do plano de paz de seis pontos apresentado ao presidente Bashar al-Assad em 10 de março e aceito pelos sírios na semana passada. O plano exige o fim da violência e o diálogo político entre o governo e a oposição, visando uma transição política no país.
Segundo diplomatas da ONU, Annan relatou que não houve sinais de fim da violência, apesar de Damasco ter aceitado o plano que previa o envio de observadores da ONU para monitorar o cessar-fogo, assim que este seja declarado.
O embaixador da Síria na ONU, Bashar Ja'afari, confirmou que Damasco aceitou o ultimato, porém exige que a oposição também cumpra sua parte. "O governo sírio se compromete, mas esperamos que Annan e outros membros do Conselho de Segurança consigam o mesmo tipo de compromisso da oposição", disse Ja'afari. "Um plano só teria sucesso se todos se comprometessem."
Ceticismo no Ocidente
Diplomatas ocidentais mostraram-se céticos em relação à Síria, que já prometeu diversas vezes acabar com a violência, mas seguiu adiante com ataques aos oposicionistas. O conflito teve início há mais de um ano e levou o país à beira de uma guerra civil. De acordo com a ONU, soldados e forças de segurança sírias já mataram mais de 9 mil pessoas ao longo dos últimos 12 meses. Damasco rebate que no mesmo período os insurgentes fizeram 3 mil vítimas fatais entre militares e policiais.
O Departamentode Operações deManutenção da Paz da ONU já iniciou planos de contingência para uma missão de monitoramento do cessar-fogo, que abarcaria de 200 a 250 observadores não armados. Para se colocar em prática uma missão desse tipo é necessária uma resolução do Conselho de Segurança.
Não se sabe como a Rússia responderá às sugestões de Annan. O embaixador russo Vitaly Churkin deixou o Conselho sem falar com os repórteres. A Rússia e a China vetaram duas resoluções anteriores do Conselho que condenavam as investidas de Assad contra os protestos pró-democráticos.
LPF/dpa/rtr
Revisão: Augusto Valente