Annan busca solução de paz para Síria junto a Moscou e Pequim
25 de março de 2012O governo russo confirmou neste domingo (25/03) que considera o fim do apoio militar e político do exterior à oposição síria como pré-condição para uma solução pacífica naquele país árabe. Além disso, Moscou exige que a oposição negocie com o presidente Bashar al-Assad. Essas declarações antecederam a reunião entre Kofi Annan, enviado especial das Nações Unidas para a crise na Síria, e o presidente russo Dmitri Medvedev, que se despede em breve do cargo.
O assessor de Medvedev para política externa, Serguei Prichodko, afirmou que a Rússia pretende pôr rapidamente fim à violência na Síria, e que oposição e governo sírios deveriam se unir em prol de uma solução pacífica para o país. O assessor criticou ainda o grupo de contato "Amigos da Síria", que em fevereiro assegurara seu apoio à oposição do país. De acordo com Prichodko, é muito improvável que organizações do gênero possam "indicar o caminho para uma solução da crise síria".
Conversas também em Pequim
Depois dos esforços de negociação em Moscou, Annan irá buscar também na China apoio para suas propostas. O Ministério chinês do Exterior comunicou que Pequim atribui importância aos esforços de mediação do ex-secretário-geral da ONU. No entanto, ainda não foram divulgados os nomes dos interlocutores chineses de Annan nas conversas agendadas para as próximas terça e quarta-feira.
Até agora, duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU para a Síria fracassaram em função dos vetos da China e da Rússia. Ao concordarem com uma declaração (sem peso de resolução), os dois países deram recentemente a entender que recuariam de suas posições atuais de apoio incondicional aos detentores do poder na Síria.
Aliança da resistência armada
Enquanto isso, as forças rebeldes sírias anunciaram ter-se unido num conselho militar comum, a fim de melhor coordenar a luta contra o regime de Assad. O Exército Livre Sírio (ELS), formado principalmente por desertores das Forças Armadas oficiais do país, comunicaram sua fusão com os soldados do general Mustafa al-Sheikh, um dos militares mais graduados entre os que abandonaram Assad. Segundo a agência de notícias AFP, o pacto foi assinado na Turquia; e o escritório militar do Conselho Nacional Sírio, de oposição, não se aliou ao conselho rebelde.
Enquanto isso, continuam naquele país árabe os conflitos entre tropas do governo e rebeldes. Agências de notícias registram o uso de explosivos em subúrbios da capital Damasco. Além disso, vários desertores e soldados teriam sido mortos na província de Daraa.
No sábado, tropas do governo sírio tomaram a localidade de Sarakeb, no norte do país, com o uso de tanques de guerra. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos e comitês de coordenação locais noticiam que os soldados revistaram casas e prenderam várias pessoas. Sarakeb, localizada na província Idlib, era mantida há meses sob o controle dos desertores.
A organização humanitária Human Rights Watch acusou os soldados do governo sírio de usar civis como escudo em combate. Consta que as tropas e militantes pró-governo haveriam forçado habitantes de Idlib a tomarem a dianteira,durante seu avanço contra os redutos de rebeldes na região. Segundo testemunhas oculares, o objetivo da ordem era proteger os soldados de eventuais ataques.
SV/dapd/rtr/afp
Revisão: Augusto Valente