Animais e plantas invadem a Alemanha
21 de dezembro de 2004Espécies marinhas exóticas chegam aos portos alemães no bojo dos navios. O guaxinim (ou mão-pelada) e a marta-comum-européia imigraram, há anos, e se proliferam nas florestas do país. Uma pesquisa feita pela Universidade de Rostock concluiu que cerca de 1500 espécies de animais e 350 de plantas vieram ou foram trazidas dos mais diversos países para a Alemanha nos últimos séculos.
Uma vez na Europa ou na Alemanha, se as condições forem favoráveis, eles se alastram rapidamente. "Nem todos os chamados 'neobiotas' se adaptam à fauna e à flora locais sem provocar danos", diz a pesquisadora Sandra Blömacher, do grupo de trabalho Neozoa.
Na mira dos caçadores
O principal imigrante mamífero é o guaxinim, originário da América do Norte. Do Canadá, ele foi levado para a América Central, de onde fugiu dos criadouros destinados à produção de peles e chegou ao Estado de Hessen em 1934, alastrando-se por toda a Alemanha. Tanto o guaxinim quanto a marta são temidos na Alemanha por roerem cabos elétricos, inclusive de automóveis.
Os bichos "estrangeiros" também caem com freqüência cada vez maior na mira dos caçadores. De março de 2003 a março de 2004, foram caçados cerca de 21 mil guaxinins, 7,6% a mais que em igual período na temporada de caça anterior. Além disso, este ano foram liqüidadas a tiro 18 mil martas (15% a mais que em 2003).
Uma das principais vias de imigração de plantas e animais é a marinha mercante. O biólogo Stephan Gollasch, de Hamburgo, calcula que a cada segundo chegam 69 animais marinhos exóticos à costa alemã na água de lastro dos navios, incluindo siris e peixes.
Fauna e flora resistentes
Mais de 80 novas espécies de animais marinhos teriam se fixado no Mar do Norte. "Uma ostra do Pacífico, por exemplo, prolifera de tal forma que já concorre com o mexilhão nativo", diz Gollasch. Ele pede normas internacionais que obriguem os navios a trocar a água de lastro em alto-mar e não nos portos.
Apesar dos danos provocados, por exemplo, por certos moluscos, o professor Ragnar Kinzelbach, da Universidade de Rostock, não vê motivos para pânico. Segundo ele, a fauna e a flora européias sempre suportaram a imigração de espécies, mostrando-se até mais robustas que ecossistemas tropicais ou insulares.
"Comparados com os prejuízos causados por espécies nativas, como o cervo e o javali, os estragos provocados pelos neobiotas são mínimos", diz o professor Josef Reichhof, do Acervo de Zoologia da Baviera, em Munique.