Análise: Nobel dá nova chance à paz na Colômbia
7 de outubro de 2016A notícia de Oslo chegou aos colombianos quando eles tomavam café da manhã nesta sexta-feira (07/10). "Histórico: Juan Manuel Santos ganha o Prêmio Nobel da Paz", exultou o jornal El Tiempo, o mais importante do país, pouco após as 4h, no horário local.
Alguns minutos depois, o setor de imprensa do palácio presidencial se manifestou. O líder colombiano estava "impressionado e grato", conforme declaração da Casa de Nariño, residência oficial do chefe de Estado. Santos, que também é advogado e jornalista, vivenciou, assim, um final feliz para uma semana dramática.
No último domingo, seu acordo de paz com as Farc foi reprovado em consulta popular. Durante quatro anos, seus negociadores lutaram na capital cubana, Havana, para amarrar o tratado, com 297 páginas.
No final, o que foi acordado foi um documento com muitos erros técnicos e vulnerável a críticas dos muitos oponentes de direita. Mas Santos defendeu o acordo. Ele sentia convicção, até demais. A cerimônia de assinatura, em Cartagena, realizada antes do referendo, transformou-se em encenação após a rejeição nas urnas.
Nova chance para a paz
Na noite de sua maior derrota, Santos lutava consigo mesmo e com as próprias palavras. O chefe de Estado tinha sublinhado antes da consulta popular não possuir um plano B. Mas agora ele precisava de um. E o apoio finalmente veio das ruas, de onde até então não se havia percebido euforia alguma pela paz.
Dezenas de milhares de estudantes marcharam na quarta-feira, portando velas e camisetas brancas, até a Praça Bolívar, no coração da cidade. O presidente conseguiu ouvir seus compatriotas cantando o hino nacional. O gabinete dele fica a poucos passos de onde as pessoas cantavam, o que serviu para encorajá-lo. O presidente apelou aos opositores para que tomassem partido. Aos seus interlocutores, disse que era preciso agir rapidamente para que o processo de paz não se desintegrasse.
Agora, com o Nobel da Paz, Santos poderá lutar em pé de igualdade com seu arqui-inimigo político, o ex-presidente Álvaro Uribe. Para a paz na Colômbia, esta é uma nova chance. E talvez seja a última.