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Amistoso contra o Brasil motiva a Alemanha

Paulo Chagas8 de setembro de 2004

Embora não seja considerada uma revanche da Copa de 2002, uma possível vitória contra o Brasil reacenderia as esperanças do futebol alemão de voltar aos seus dias de glória.

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Oliver Kahn, goleiro alemãoFoto: AP

"Um treinador não poderia desejar uma melhor oportunidade que esta" afirmou o técnico alemão, Jürgen Klinsmann, que prometeu uma exibição de gala da seleção alemã diante do Brasil no amistoso desta quarta-feira (08/09).

Esta é a segunda partida de Klinsmann no comando da seleção alemã e a primeira diante de sua torcida. Os 74.315 ingressos do Estádio Olímpico de Berlim já estão esgotados há alguns dias e o destaque que a mídia alemã tem dado ao jogo é comparável a uma decisão de Copa do Mundo.

Para se ter uma idéia, os jogos das eliminatórias sul-americanas passam normalmente despercebidos pela mídia. Porém, a vitória da seleção brasileira contra a Bolívia no último domingo, o gol fulminante de Ronaldo aos 50 segundos de jogo e mesmo o seu noivado com a modelo Daniella Cicarelli foram o assunto da semana nos jornais e sites esportivos alemães.

Esperança de dar a volta por cima

Embora ninguém admita claramente – nem Klinsmann, nem os jogadores e nem a imprensa – todo mundo deseja uma vitória contra o Brasil para tirar a seleção alemã da lama.

A última vitória da Alemanha contra seleções de países de tradição futebolística foi em outubro de 2000: 1 a 0 sobre a Inglaterra. Depois disso começou uma série negra de nove derrotas e um empate.

Na Eurocopa 2004, em Portugal, a Alemanha foi eliminada já na primeira fase, o que levou à saída do técnico Rudi Völler e feriu profundamente o orgulho nacional: a seleção alemã, tri-campeã mundial, tornou-se um time de segunda classe!

A contratação de um novo técnico foi bem mais difícil que se imaginava. Os nomes mais prestigiosos tiraram o corpo fora. Finalmente, a escolha recaiu sobre Jürgen Klinsmann, 40 anos, ex-atacante da seleção alemã campeã da Copa de 1990, que nunca comandou nenhuma equipe, mas como jogador destacou-se pelo seu oportunismo.

Ambição de conquistar a Copa de 2006

Em 2006, a Alemanha sediará a Copa e ninguém quer dar vexame. O mínimo que se espera da seleção alemã é que ela dispute a final no Estádio Olímpico de Berlim.

É neste mesmo estádio, portanto, que a Alemanha tentará nesta quarta-feira dar o seu grito de libertação diante do Brasil. A derrota de 2 a 0 para a seleção brasileira em Yokohama, na final da Copa de 2002, está ainda entalada na garganta.

Sobretudo na do goleiro Oliver Kahn, o mito da invencibilidade alemã, que a partir daquele jogo virou uma figura trágica, ao levar dois frangos de Ronaldo.

Símbolo da tenacidade, agressividade e força de vontade do jogador alemão, Kahn tem vivido desde então um constante baixo astral, tendo o seu destino associado ao da seleção alemã.

Nos últimos dias o goleiro vem sendo constantemente indagado pelos jornalistas sobre a sua "revanche" contra o Brasil. O próprio treinador Klinsmann colocou lenha na fogueira, afirmando que "este jogo é de Kahn".

Mas, aos 35 anos, o ex-titã do futebol Kahn parece ter aprendido a lição e trata de manter os pés no chão. "Revanche só se for na final da Copa do Mundo, daqui a dois anos", disse Kahn. "Mas há um caminho até lá".

Kahn deixou claro que "a Copa do Mundo já é coisa do passado; o importante agora é se preparar com toda a força para o megaevento de 2006 na Alemanha".

Apostando nas qualidades alemães

O retrospecto da Alemanha contra o Brasil é desolador: em 18 jogos os alemães acumularm 11 derrotas, 3 empates e apenas 4 vitórias.

Uma vitória da seleção alemã contra o Brasil contribuiria não apenas para melhorar este balanço, como também para sepultar o baixo astral dos últimos anos.

Para derrotar o Brasil, Klinsmann está apostando nas tradicionais qualidades do futebol alemão que ele mesmo definiu: "agressividade, ação, ofensiva e coragem para assumir riscos".

A seleção alemã deverá jogar num 4 4 2. O meio de campo terá a presença de Michael Ballack, que assumiu a faixa de capitão, e a volta de Sebastian Deisler, um dos grandes talentos do futebol alemão, que esteve afastado dos gramados por causa de contusões e problemas psíquicos.

A dupla de atacantes será formada por Miroslav Klose e o teuto-brasileiro Kevin Kuranyi, o jovem talento do Stuttgart que nasceu no Brasil e não esconde sua paixão pelo futebol brasileiro.

Escalação das duas equipes:

Alemanha: Oliver Kahn (Bayern de Munique); Andreas Hinkel (Stuttgart), Frank Baumann e Frank Fahrenhorst (Werder Bremen), Phillip Lahm (Stuttgart); Michael Ballack, Sebastian Deisler, Torsten Frings (Bayern de Munique), Bernd Schneider (Bayer Leverkusen); Miroslav Klose (Werder Bremen), Kevin Kuranyi (Stuttgart).

Brasil: Júlio César (Flamengo); Roberto Carlos (Real Madrid), Roque Júnior e Juan (Bayer Leverkusen), Belleti (Barcelona); Renato (Sevilha), Edu (Arsenal), Edmílson (Barcelona); Ronaldinho (Barcelona), Ronaldo (Real Madrid), Adriano (Inter Milão).

O jogo Brasil x Alemanha será transmitido em tempo real pela DW-WORLD a partir das 15h45, horário de Brasília.