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Americano preso na Venezuela diz que visava capturar Maduro

7 de maio de 2020

Governo divulga vídeo em que ex-militar revela plano para sequestrar o presidente venezuelano e levá-lo para os EUA. Trump e outros membros do governo americano negam veementemente qualquer envolvimento de Washington.

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Nicolas Maduro
Maduro afirmou que "terroristas mercenários" planejavam derrubar seu governoFoto: picture-alliance/AP Photo

Um ex-militar americano atualmente detido na Venezuela disse, em mensagem de vídeo divulgada na quarta-feira (06/05) pelo governo em Caracas, que era integrante de um plano para capturar o presidente Nicolás Maduro, retirá-lo do país e levá-lo aos Estados Unidos.

No vídeo, transmitido durante uma entrevista coletiva de Maduro, o ex-oficial do Exército americano Luke Denman afirmou ter recebido instruções de "seu chefe" para assumir o controle do aeroporto de Caracas de modo a garantir a passagem segura de Maduro e a chegada de aviões.

Não ficou claro onde ou em que circunstâncias o vídeo foi gravado. Grupos de defesa dos direitos humanos acusam com frequência o regime de Maduro de recorrer a coação para extrair confissões de suspeitos.

O governo Maduro diz que Denman e outro ex-soldado americano, Airan Berry, foram detidos na segunda-feira, tentando desembarcar numa praia a oeste de Caracas. Maduro descreveu o grupo como "terroristas mercenários" que planejavam derrubar o seu governo.

Em meio às acusações de Maduro, o Departamento de Estado americano afirmou que o governo venezuelano está empreendendo uma "grande campanha de desinformação" e que é difícil separar os fatos da propaganda estatal.

O americano explicou que sua parte no plano, descrita pelo governo venezuelano como uma invasão fracassada, consistia em estabelecer "segurança própria", se comunicar com as torres do aeroporto que servem Caracas e "trazer os aviões".

"Um [desses aviões] era para levar Maduro para os EUA", contou o americano em um interrogatório com mais de 30 perguntas e que foi filmado e exibido na imprensa estatal.

No vídeo, Denman, de 34 anos, parecia calmo e lúcido. Vestia uma camisa cinza e respondia a uma série de perguntas vindas de trás da câmera em inglês. Ele respondeu em inglês também, quase sempre olhando diretamente para a câmera.

Denman contou que trabalhou para Jordan Goudreau, representante da empresa americana Silvercorp, nesse plano, e alegou ter entrado na Venezuela com dois compatriotas – o que significaria que ainda há um foragido na Venezuela.

Quando indagado sobre quem comanda Goudreau, Denman respondeu: "O presidente Donald Trump."

Maduro diz ser impossível que os governos de Estados Unidos e Colômbia consigam provar não ter ligação com o caso porque, segundo ele, "inúmeras evidências os ligam ao ataque", ocorrido entre domingo e segunda-feira no litoral dos estados de La Guaira e Aragua.

Denman mostrou no vídeo do interrogatório um contrato no qual, segundo ele, consta a intenção de retirar Maduro da Venezuela. O documento seria assinado por Goudreau, o assessor político venezuelano Juan José Rendón e o líder da oposição Juan Guaidó.

A resposta do governo venezuelano para dissuadir a suposta tentativa de sequestrar Maduro deixou até agora oito pessoas mortas e tem pelo menos 19 detidas.

Trump e outros membros do governo americano – incluindo Mike Pompeo, secretário de Estado, e Mark Esper, secretário da Defesa – negaram veementemente qualquer envolvimento de Washington.

O caso surge num momento de especial tensão entre EUA e Venezuela. Em março, o Departamento de Justiça dos EUA acusou Maduro e pessoas ligadas a ele de "narcoterrorismo" e outros crimes, oferecendo 15 milhões de dólares por informações que levassem à detenção do presidente venezuelano. Em abril, os EUA enviaram navios de guerra para perto da costa venezuelana, em uma importante operação de combate aos narcóticos.

RPR/ap/efe

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